O segundo turno entre o tucano José Serra e o petista Fernando Haddad em
São Paulo garante sobrevida à polarização nacional PSDB-PT, mas o
principal marco da eleição para prefeituras de capitais neste ano foi a
pulverização partidária.
Nenhuma sigla pode se arrogar como grande vitoriosa. Afora o PSB, que
ganhou em Belo Horizonte e Recife, e o PMDB, que levou no Rio de Janeiro
e em Boa Vista, as vitórias em primeiro turno foram fatiadas entre
vários partidos, cada um deles com uma capital. São eles: PDT (Porto
Alegre), PT (Goiânia), PP (Palmas), PSDB (Maceió) e DEM (Aracaju).
O partido que mais concorre às capitais em segundo turno é o PSDB, em
oito. Depois o PT, com cinco, o PDT, com quatro, e o PMDB, com três.
É claro, porém, que há capitais e capitais. No eixo político e econômico
do país, sobressaem-se os principais partidos, com PMDB consolidado
como força hegemônica no Rio, o PSB em aliança com o PSDB, em BH, e PT e
PSDB disputando São Paulo.
O PMDB, que tem a maior capilaridade nacional, fez o maior número de
prefeituras, incluindo capitais e interior. Em segundo lugar está o
PSDB, e o PT, em terceiro, segundo dados de ontem.
CACIQUES
A presidente Dilma Rousseff pode se considerar perdedora na eleição, já
que articulou pessoalmente a desistência do PMDB e o apoio do PSD ao
candidato do PT em Belo Horizonte, Patrus Ananias, que foi derrotado.
O vitorioso foi o atual prefeito, Marcio Lacerda, do PSB, em uma aliança
que pode se tornar perigosa para Dilma em 2014: entre o governador de
Pernambuco, Eduardo Campos, do PSB, e o senador Aécio Neves, do PSDB.
Campos tem um pé no governo e outro na oposição e, se não se arvorar ele
mesmo em candidato, tanto pode apoiar Dilma quanto Aécio na sucessão
presidencial.
O ex-presidente Lula também sofreu derrota doída em Recife, onde a
cúpula nacional do PT vetou a candidatura do prefeito João da Costa à
reeleição e amargou o terceiro lugar com um nome imposto de cima para
baixo.
A derrota ou a vitória de Lula, porém, como a do governador Geraldo
Alckmin, depende dos resultados do segundo turno em São Paulo, onde as
campanhas devem ser acirradas e agressivas. O que está em jogo, ali, é
muito mais do que só a principal prefeitura do país.
Ali também começam a se desenhar as alianças que vão extrapolar as eleições municipais e tendem a chegar à eleição presidencial.
Se Eduardo Campos derrotou Lula e o PT em BH e Recife, o vice-presidente
Michel Temer correu para providenciar ontem mesmo o apoio do PMDB a
Haddad em São Paulo. Está garantindo o próprio espaço em 2014.
ELIANE CANTANHÊDE
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