sexta-feira, 13 de maio de 2011

Salários: a próxima batalha

Depois de conseguir reverter as expectativas negativas do mercado em torno da inflação, a equipe da presidente Dilma já se prepara para mais uma batalha no campo do convencimento, a dos reajustes salariais, principalmente daqueles agendados para setembro. O tom do discurso governista será de moderação na dose a ser ministrada nos acordos coletivos. Afinal, o temor do governo é de aumentos elevados pressionarem novamente a inflação.
Segundo assessores da presidente Dilma, empresários e trabalhadores devem, na hora de fechar as negociações, estar atentos ao cenário econômico do segundo semestre. "Teremos inflação descendente e atividade econômica moderada, recomendando moderação no índice de reajustes salariais", diz um integrante da equipe econômica do governo.
Em sua opinião, essa combinação da conjuntura econômica vai, muito provavelmente, dificultar que empresários concedam aumentos de salários bem acima da inflação acumulada e repassar esse extra a seus preços. Afinal, a aposta é que, num ambiente de economia desacelerando, o consumidor fique retraído e não esteja tão disposto a bancar preços mais altos.
Na avaliação do governo, caso sindicalistas pressionem por reajustes muito elevados e consigam dobrar os empresários, o risco é de aumento de demissões na busca de corte de custos por parte das empresas. Tudo isso, diz esse assessor, terá de ser levado em conta por empresários e trabalhadores na hora de sentarem à mesa para fechar os acordos coletivos de trabalho.
As análises da equipe econômica estão baseadas na previsão de que as medidas econômicas adotadas para combater a inflação terão mais efeito na economia no segundo semestre. Ou seja, só na segunda metade do ano é que os aumentos de juros do Banco Central e cortes de gastos terão um impacto mais significativo sobre o ritmo da economia. Exatamente quando as principais categorias metalúrgicos, petroleiros e bancários estarão negociando reajustes salariais.
Essa será mais uma batalha do governo para segurar a inflação neste início de mandato da presidente Dilma. Batalha na qual não tem condições de atuar diretamente, mas pode tentar influenciar por meio de suas medidas e na base do argumento. Não será tarefa fácil, diante de uma inflação que deve estar batendo, em setembro, na casa dos 7% ao ano. A conferir.

Valdo Cruz

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