quarta-feira, 24 de setembro de 2014

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Pesquisa

Levantamento aponta que 24% dos professores pediram licença médica nos últimos dois anos.
Os professores das redes municipais e estadual de Pernambuco estão doentes. É o que aponta um levantamento encomendado pelo Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Pernambuco e realizado pelo Grupo de Estudos sobre Política Educacional e Trabalho Docente da Universidade Federal de Minas Gerais – Gestrado/UFMG.  O estudo intitulado “Trabalho na Educação Básica em Pernambuco” mostra que nos últimos dois anos, 24% dos professores pediram licença médica. No caso dos funcionários, o percentual é de 23%. Já Entre os docentes, os problemas decorrentes do trabalho em sala de aula, representam 36% dos pedidos de afastamento. As doenças estão relacionadas com depressão, ansiedade ou nervosismo (13%), voz (9%), doenças musculoesqueléticas (8%) e estresse (7%). No caso de afastamento para realização de cirurgias o percentual chegou a 23%, licença maternidade (17%), acidentes (6%) e doenças infectocontagiosas (6%). Já entre os funcionários os motivos mais recorrentes foram: realização de cirurgia (26%), doenças musculoesqueléticas (19%), licença maternidade (11%), problemas relacionados à depressão, ansiedade ou nervosismo (10%), acidentes (4%), estresse (4%) e os problemas relacionados à voz (1%). A pesquisa aponta ainda que 53% dos funcionários e 29% dos docentes não praticam atividades físicas regularmente durante a semana. A pesquisa revelou que o tempo livre dos entrevistados é pouco utilizado para o lazer: 48% das docentes mulheres relataram que dedicam seu tempo livre a atividades domésticas e 38% a programas de família. O estudo “Trabalho na Educação Básica em Pernambuco“ ouviu 1591 pessoas, entre professores e funcionários de escolas. O estudo avaliou 60 unidades educacionais, entre escolas estaduais, municipais e creches, em 17 municípios do estado, incluindo o Recife. A pesquisa apresenta conclusões em quatro aspectos: o perfil do trabalhador em educação; os docentes e as políticas de avaliação educacional de Pernambuco; a saúde do trabalhador em educação e; a visão dos trabalhadores em educação sobre a representação sindical.
Gestrado – O Grupo de Estudos sobre Política Educacional e Trabalho Docente da Universidade Federal de Minas Gerais é o responsável pela coordenação da pesquisa “O Trabalho Docente na Educação Básica no Brasil”, que entre os anos de 2009 e 2010 percorreu sete estados do Brasil – MG, PA, RN, GO, ES, PR e SC – com intuito de traçar o perfil da educação no país. 
Em Pernambuco, diferentemente dos outros estados, a pesquisa contou com o apoio financeiro e logístico do Sindicato dos Trabalhadores em Educação (Sintepe). Com um diferencial de abordar as questões relativas ao perfil dos funcionários da educação e também a relação dos trabalhadores com Sindicato. O levantamento realizado em Pernambuco será incorporado ao conjunto dos estudos realizados nos outros sete estados. Além disso, o levantamento relativo ao estado vai se transformar em livro, que será lançado na primeira quinzena de outubro, nas atividades de comemoração ao Dia do Professor. 

Sintepe

domingo, 7 de setembro de 2014

Agressão

Estudo também revelou que apenas um em cada dez professores no Brasil acreditam que a profissão é valorizada pela sociedade.

Uma pesquisa global feita com mais de 100 mil professores e diretores de escola do segundo ciclo do ensino fundamental e do ensino médio (alunos de 11 a 16 anos) põe o Brasil no topo de um ranking de violência em escolas. Na enquete da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), 12,5% dos professores ouvidos no Brasil disseram ser vítimas de agressões verbais ou de intimidação de alunos pelo menos uma vez por semana.
Trata-se do índice mais alto entre os 34 países pesquisados - a média entre eles é de 3,4%. Depois do Brasil, vem a Estônia, com 11%, e a Austrália com 9,7%. Na Coreia do Sul, na Malásia e na Romênia, o índice é zero.  "A escola hoje está mais aberta à sociedade. Os alunos levam para a aula seus problemas cotidianos", disse à BBC Brasil Dirk Van Damme, chefe da divisão de inovação e medição de progressos em educação da OCDE.

O estudo internacional sobre professores, ensino e aprendizagem (Talis, na sigla em inglês), também revelou que apenas um em cada dez professores (12,6%) no Brasil acredita que a profissão é valorizada pela sociedade; a média global é de 31%. O Brasil está entre os dez últimos da lista nesse quesito, que mede a percepção que o professor tem da valorização de sua profissão. 

O lanterna é a Eslováquia, com 3,9%. Em seguida, estão a França e a Suécia, onde só 4,9% dos professores acham que são devidamente apreciados pela sociedade. Já na Malásia, quase 84% (83,8%) dos professores acham que a profissão é valorizada. Na sequência vêm Cingapura, com 67,6% e a Coréia do Sul, com 66,5%. A pesquisa ainda indica que, apesar dos problemas, a grande maioria dos professores no mundo se diz satisfeita com o trabalho.

A conclusão da pesquisa é de que os professores gostam de seu trabalho, mas "não se sentem apoiados e reconhecidos pela instituição escolar e se veem desconsiderados pela sociedade em geral", diz a OCDE. Segundo Van Damme, "a valorização dos professores é um elemento-chave para desenvolver os sistemas educacionais".

Ele aponta melhores salários e meios financeiros para que a escola funcione corretamente, além de oportunidades de desenvolvimento de carreira como fatores que podem levar a uma valorização concreta da categoria. No Brasil, segundo dados do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDEs) da Presidência da República divulgados em junho deste ano, a remuneração média dos professores é de pouco menos de R$ 1,9 mil por mês.

A média salarial dos professores nos países da OCDE, calculada levando em conta o poder de compra em cada país, é de US$ 30 mil (cerca de R$ 68,2 mil) por ano, o equivalente a R$ 5,7 mil por mês, o triplo do que é pago no Brasil. O especialista da OCDE cita a Coreia do Sul e a China como exemplos de países onde o trabalho dos professores é valorizado tanto pela sociedade quanto por políticas governamentais, o que representa, diz ele, um "elemento fundamental na melhoria da performance dos alunos".

"Em países asiáticos, os professores possuem um real autoridade pedagógica. Alunos e pais de estudantes não contestam suas decisões ou sanções", afirma. A organização ressalta que houve avanços na educação brasileira nos últimos anos. Os investimentos no setor, de 5,9% do PIB no Brasil, estão próximos da média dos países da OCDE (6,1%), que reúne várias economias ricas.

"Entre 2000 e 2011, o nível de investimentos em educação no Brasil, em termos de percentual do PIB, quase dobraram", afirma Van Damme. Outro indicador considerado importante pela OCDE, o percentual de jovens entre 15 e 19 anos que estudam, é de 77% no Brasil. A média da OCDE é de 84%.

Repórter: Daniela Fernandes
Fonte: BBC Brasil