sábado, 31 de dezembro de 2011

Minha terapia da humildade

Na última coluna do ano, comento o que de mais importante apendi em 2011, quando fui para Cambridge ( EUA), onde participo, em Harvard, de uma incubadora de projetos, em colaboração com o Media Lab ( MIT). Aprendi a terapia intensiva de humildade.
Nessa pequena cidade está a maior concentração de ganhadores do Prêmio Nobel por metro quadrado. Comendo uma pizza você pode estar ao lado do cientista que criou o sal de reidratação oral, responsável por salvar milhões de vidas, ou do médico que descobriu que se pode ser um fumante passivo. Talvez esteja lá Tim Berners-Lee, também morador de Cambridge, o inventor da combinação de três letras que mudou nosso cotidiano, o www.
Pode-se encontrar numa festa ou num parque o idealizador do projeto Genoma ou aquele que é considerado o pai da inteligência artificial. Talvez também o inventor do e-mail.
Neste ano em que estou aqui, vi nascer um centro de pesquisas cuja tarefa era encontrar melhores tratamentos para o câncer (ou a sua cura). Juntaram no mesmo prédio médicos e engenheiros. Num centro de pesquisas biológicas, conseguiram rejuvenescer um rato e ali se cultiva a hipótese teórica da imortalidade. Pode-se duvidar da imortalidade, mas o tal ratinho está lá.
Acompanhei a articulação, comandada por Harvard, de uma biblioteca universal, com todo o conhecimento relevante produzido pela humanidade tudo gratuito.
Nesse ambiente, em que o cotidiano é feito de inventores do futuro, inconformados com as limitações do presente, não dá para saber se aquele ou aquela jovem num banco de jardim, lendo um livro, será um futuro presidente dos Estados Unidos ou do Chile, a primeira mulher a dirigir um país africano, um ganhador do Prêmio Nobel da Paz ou o inventor de uma Microsoft ou de um Facebook.
Diante de tantos inventores notáveis, aprendemos sobre a nossa insignifância, mas somos todos iguais no prazer eterno da descoberta. Isso nos deixa a vida sempre com significado. Aprender é a melhor aventura. É isso o que faz comemorar o próximo ano.

Gilberto Dimenstein

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Feliz Ano Novo

Desejo a todos(as) que acompanham e seguem o nosso Blog, um Feliz Ano Novo, repleto de saúde, paz e prosperidade, que o ano de 2012 traga tudo aquilo que vcs desejam e necessitam. Tudo de bom pra vcs, são os votos deste amigo e companheiro, ao longo de todo ano de 2011, que está terminando. Aquele abraço e muito obrigado.

Venâncio Izidro de Oliveira

Chico Anysio segue no CTI e respira por aparelhos


O estado de saúde de Chico Anysio, 80, não apresentou alteração nas últimas 24 horas, informa a assessoria do hospital nesta quarta-feira. O humorista segue internado no CTI e respira com ajuda de aparelhos. Seu estado "inspira cuidados" e não há previsão de alta.
Chico Anysio está no Hospital Samaritano, em Botafogo, na Zona Sul do Rio.
O humorista estava internado desde o final de novembro por conta de uma infecção urinária. Ele teve alta no dia 21 deste mês, mas voltou ao hospital no dia seguinte para controlar uma hemorragia no estômago.
Após apresentar uma melhora no dia 25, ele foi transferido do CTI para a Unidade Intermediária, onde poderia passar o Natal acompanhada da família, mas voltou horas depois ao CTI por conta de uma pneumonia.

Folha de São Paulo

Com novas regras, Minha Casa, Minha Vida terá cota para idosos


O governo federal alterou os critérios para a inclusão de candidatos a beneficiários do programa habitacional Minha Casa, Minha Vida, prioridade da gestão da presidente Dilma Rousseff.
As mudanças foram publicadas nesta terça-feira (27) no "Diário Oficial" da União, em portaria assinada pelo ministro das Cidades, Mário Negromonte.
Entre as novas regras, deverá ser reservada, no mínimo, cota de 3% das unidades habitacionais para atendimento a idosos e a pessoas com deficiência ou cuja família tenha pessoas com deficiência.
Em março de 2009, quando foi lançado, o programa já previa a priorização dos portadores de deficiência e dos idosos.
Segundo o governo, a obrigatoriedade de beneficiar idosos e famílias de pessoas portadoras de deficiência no programa será aplicada também nos projetos desenvolvidos em municípios com menos de 50 mil habitantes e com recursos do FDS (Fundo de Desenvolvimento Social).
"A exigência de destinar 3% dos imóveis construídos a essas pessoas já existia e era aplicada em boas parte do MCMV, mais especificamente nas obras que utilizam dinheiro do FAR [Fundo de Arrendamento Residencial]. Hoje, portaria do Ministério das Cidades ampliou a obrigatoriedade", diz nota do Ministério das Cidades.
A regra vale para os imóveis que são integralmente subsidiados e distribuídos para famílias cadastradas no bancos de dados de Estados e municípios. Segundo a assessoria do ministério, a exigência continua não sendo aplicada aos imóveis construídos com recursos do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), que hoje bancam a maior parte das unidades subsidiadas do programa.
O governo anunciou que pretende investir R$ 125,7 bilhões até 2014 para a construção de 2 milhões de moradias no Minha Casa, Minha Vida. Em 2011, foram contratadas 354 mil unidades, segundo balanço divulgado por Dilma no início de dezembro.
O Minha Casa, Minha Vida foi lançado em março de 2009, na gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com a meta inicial de construir 1 milhão de moradias populares para diminuir o deficit habitacional.
O site do "Diário Oficial" informa ainda como fazer o cadastro, em quais situações é possível ser indicado para ser contemplado e os critérios de seleção do programa federal.

Folha de São Paulo

Confiança da indústria tem primeira alta do ano em dezembro

A confiança da indústria subiu pela primeira vez em 2011 no último mês do ano, aponta pesquisa da FGV (Fundação Getulio Vargas).
O ICI (Índice de Confiança da Indústria) subiu 1,1% neste mês, na comparação com novembro. Apesar disso, o nível do indicador, em 101,8 pontos, continua abaixo da média histórica da pesquisa desde 2003, de 103,9.
De acordo com a FGV, o aumento foi influenciado pela evolução favorável do índice que mede a confiança na situação atual da indústria que avançou 1,9%, para 102,4 pontos, após alcançar em novembro passado o menor nível (100,5) desde julho de 2009.
O quesito que mede a satisfação com o nível atual da demanda foi o que mais contribuiu para o aumento do Índice da Situação Atual entre novembro e dezembro. O indicador deste quesito atingiu de 104,4 pontos e é o maior dos últimos cinco meses.
A proporção de empresas que consideram o nível da demanda atual como forte aumentou de 14,0% para 16,7%, enquanto a parcela das que o avaliam como fraco passou de 11,8% para 12,0%.
O Índice de Expectativas, por sua vez, ficou praticamente estável, com elevação de 0,2% (101,1 pontos). "A
combinação de resultados sinaliza alguma recuperação de ritmo de atividade industrial no curto prazo", afirmou a FGV em nota.
Das 1.244 empresas consultadas, 44,8% preveem expandir a produção nos próximos três meses (contra 31,9% em novembro), enquanto 17,5% pretendem reduzi-la (contra 5,6%).
O Nível de Utilização da Capacidade Instalada (Nuci) atingiu 83,4% em dezembro, ligeiramente acima do mês anterior e da média desde 2003 (ambas de 83,3%).

Folha de São Paulo

Brasil ainda tem 1 milhão de crianças que trabalham


Dados do IBGE revelam que mais de 1 milhão de crianças de 10 a 14 anos trabalhavam no Brasil em 2010, informa reportagem de Antônio Góis, Luiza Bandeira e Matheus Magenta, publicada na Folha desta quarta-feira (a íntegra está disponível para assinantes do jornal e do UOL, empresa controlada pelo Grupo Folha, que edita a Folha).
O número é equivalente a 6% das crianças nesta faixa de idade no país. Na região Nordeste, o índice é pior, chega a 10%.
As atividades domésticas ou em propriedades agrícolas e familiares, de difícil fiscalização, são as que mais persistem no país.

Antônio Góis, Luiza Bandeira e Matheus Magenta

Faculdades ameaçam vetar aluno com crédito estudantil


Universidades particulares que aderiram ao programa de financiamento estudantil do governo federal (Fies) podem reduzir o número de alunos atendidos, caso não recebam repasses atrasados de R$ 500 milhões referentes a matrículas nos últimos dois anos.
A informação é da reportagem de Fábio Takahashi, publicada na edição desta quarta-feira da Folha (íntegra disponível para assinantes do jornal e do UOL, empresa controlada pelo Grupo Folha, que edita a Folha).
Segundo a Fenep (Federação Nacional das Escolas Particulares), o problema começou em 2010, quando o programa foi ampliado e a administração da verba migrou da Caixa para o MEC.
Em 2010, o Fies custeava 224 mil alunos; em 2011, mais de 150 mil aderiram.
O governo reconhece que pode haver alguma demora no pagamento, mas nega que o valor seja tão alto.
Parte da lentidão, diz, pode ser culpa das próprias instituições, que ainda não se acostumaram com os novos ritos e demoram a fornecer dados dos alunos.

Fábio Takahashi

Governo recua e libera R$ 4 bi do FGTS para obras para Copa

O governo voltou atrás na decisão de vetar o uso de recursos do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) em obras das cidades-sedes da Copa-2014.
A mudança foi publicada nesta quarta-feira (28) no "Diário Oficial" da União e indica a reserva de R$ 4 bilhões do fundo.
O Senado aprovou em novembro a medida provisória que permite a aplicação de recursos do Fundo de Investimento do FGTS em obras da Copa, mas a presidente Dilma Rousseff vetou a MP.
O veto foi sugerido pelos ministérios da Fazenda e do Planejamento. Na ocasião, as pastas afirmaram que os empreendimentos da Copa e das Olimpíadas "já dispõem de linhas de crédito disponíveis para o seu desenvolvimento além dos investimentos definidos como essenciais à realização dos eventos, especificados na matriz de Responsabilidades celebrada pela União, pelos Estados e municípios".
Os ministérios alegaram ainda que "a proposta desvirtua a prioridade de aplicação do fundo de investimento" do FGTS.
Administrado pela Caixa Econômica Federal, o FI-FGTS foi criado em 2007 para servir de fonte de recursos para obras de infraestrutura em áreas como portos, hidrovias, ferrovias, energia e saneamento.
Parte dos recursos captados nas contas dos trabalhadores do FGTS foi alocada para o novo fundo, até o limite equivalente a 80% do patrimônio líquido anual do FGTS. Hoje, o FI-FGTS pode aplicar até R$ 26 bilhões. Mas o fundo tem aplicados pouco menos de R$ 20 bilhões.
Quem define os projetos que receberão o dinheiro é o comitê gestor, formado por representantes de trabalhadores, empresários e governo federal. Os membros têm mandato de dois anos.
Para garantir que não haverá perda para o patrimônio do FGTS, foi criada uma trava de segurança. Se o projeto render menos do que a rentabilidade que o trabalhador tem garantida na sua conta, o governo cobre a diferença.

Folha de São Paulo

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Brasil supera Reino Unido e se torna 6ª maior economia, diz entidade

O Brasil deve superar o Reino Unidoe se tornar a sexta maior economia do mundo ao fim de 2011, segundo projeções do CEBR (sigla em inglês para Centro de Pesquisa Econômica e de Negócios).
Segundo a consultoria britânica especializada em análises econômicas, a queda do Reino Unido no ranking das maiores economias continuará nos próximos anos, com Rússia e Índia empurrando o país para a oitava posição.
O executivo-chefe da CEBR, Douglas McWilliams, disse, em entrevista à BBC, que esta mudança de posições entre Brasil e Reino Unidofaz parte de uma tendência mundial.
"Eu acho que isto é parte da grande mudança econômica, onde não apenas estamos vendo uma mudança do Ocidente para o Oriente, mas também estamos vendo que países que produzem commodities vitais comida e energia, por exemplo estão se dando muito bem, e estão gradualmente subindo na 'tabela do campeonato econômico'", afirmou.
A entidade prevê ainda que a economia britânica vai superar a francesa até 2016.
Além disso, o estudo aponta que a economia da zona do euro encolherá 0,6% em 2012, "se o problema do euro for resolvido", ou 2%, caso a crise financeira que assola os países que adotam a moeda não encontre solução.

REPERCUSSÃO NA MÍDIA

O estudo repercutiu na mídia britânica. O jornal "The Guardian" atribui a perda de posição à crise bancária de 2008 e à crise econômica que persiste em contraste com o boom vivido no Brasil na rabeira das exportações para a China.
O "Daily Mail", outro jornal que destaca o assunto nesta segunda-feira, diz que o Reino Unido foi "deposto" pelo Brasil de seu lugar de sexta maior economia do mundo, atrás dos Estados Unidos, da China, do Japão, da Alemanha e da França.
Segundo o tabloide britânico, o Brasil, cuja imagem está mais frequentemente associada ao "futebol e às favelas sujas e pobres, está se tornando rapidamente uma das locomotivas da economia global" com seus vastos estoques de recursos naturais e classe média em ascensão.
Um artigo que acompanha a reportagem do "Daily Mail", ilustrado com a foto de uma mulher fantasiada sambando no Carnaval, lembra que o Império Britânico esteve por trás da construção de boa parte da infraestrutura da América Latina e que, em vez de ver o declínio em relação ao Brasil como um baque ao prestígio britânico, a mudança deve ser vista como uma oportunidade de restabelecer laços históricos.
"O Brasil não deve ser considerado um competidor por hegemonia global, mas um vasto mercado para ser explorado", conclui o artigo intitulado "Esqueça a União Europeia... aqui é onde o futuro realmente está".
A perda da posição para o Brasil é relativizada pelo "Guardian", que menciona uma outra mudança no sobe-e-desce do ranking que pode servir de consolo aos britânicos.
"A única compensação (...) é que a França vai cair em velocidade maior". De acordo com o jornal, o presidente francês, Nicolas Sarkozy, ainda se gaba da quinta posição da economia francesa, mas, até 2020, ela deve cair para a nona posição, atrás do tradicional rival Reino Unido.
O enfoque na rivalidade com a França, por exemplo, foi a escolha da reportagem do site "This is Money" com o título: "Economia britânica deve superar francesa em cinco anos".

Folha de São Paulo

Mercado eleva previsão para inflação e reduz expansão para o PIB

O mercado elevou a estimativa para a variação do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) neste ano para 6,54%, ante 6,52% anteriormente, portanto ainda acima do teto da meta do governo federal para a inflação oficial (6,50%). No acumulado dos últimos 12 meses terminados em novembro, o aumento já chega a 6,64%.
Para 2012, a projeção passou de 5,39% para 5,33%, de acordo com os dados do boletim Focus divulgado pelo Banco Central nesta segunda-feira.
Já a previsão para o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) neste ano registrou queda pela quinta semana consecutiva, passando de 2,92% para 2,90%. Para o próximo ano, a estimativa se manteve em 3,40%.
A projeção para o valor do dólar ao final deste ano subiu levemente de R$ 1,80 para R$ 1,81 e, em 2012, permaneceu em R$ 1,75.
A estimativa para a taxa básica de juros para 2012 se manteve em 9,5%. No dia 30, a Selic foi reduzida em 0,5 ponto percentual, ficando em 11,0%.
O boletim Focus é elaborado pelo BC a partir de consultas feitas a instituições financeiras e expressa, semanalmente, como o mercado percebe o comportamento da economia.

Folha de São Paulo

Esvaziar o CNJ é um retrocesso, diz Nelson Jobim


Em artigo ainda inédito, o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal Nelson Jobim classifica como um retrocesso a tese que esvazia os poderes de investigação do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), informa reportagem de Uirá Machado, publicada na Folha desta segunda-feira (a íntegra está disponível para assinantes do jornal e do UOL, empresa controlada pelo Grupo Folha, que edita a Folha).
No texto, que deve ser publicado na próxima edição da revista "Interesse Nacional", Jobim diz que em nenhum Poder a necessidade de controle "é tão pronunciada quanto no Judiciário".
Na segunda-feira (19), último dia do ano judiciário, o ministro do STF Marco Aurélio Mello concedeu uma liminar para impedir que o conselho investigue juízes antes que os tribunais onde eles atuam analisem sua conduta o que, na prática, suspendeu todas as apurações abertas por iniciativa do CNJ.
A decisão deve ser levada a plenário na primeira sessão do ano que vem, no início de fevereiro, para que seus colegas avaliem o tema.
No mesmo dia, o ministro Ricardo Lewandowski também suspendeu apuração sobre a folha de pagamento de servidores do Judiciário em 22 tribunais. O CNJ averiguava movimentações financeiras atípicas.
As decisões criaram uma crise que abalou a cúpula do Judiciário e que trouxe novamente à tona a discussão sobre a transparência da Justiça brasileira.
As liminares atenderam a pedidos feitos por três associações de juízes. Elas afirmam que o CNJ atuava de forma inconstitucional.
As mesmas associações entraram durante a semana com um pedido para que Procuradoria-Geral da República investigue a corregedora do CNJ, Eliana Calmon.

Uirá Machado

Sistema do MEC oferece 108 mil vagas em cursos superiores

Estudantes de todo o país poderão consultar a partir desta segunda-feira as vagas e cursos no Sisu (Sistema de Seleção Unificada), do Ministério da Educação, que seleciona estudantes para ingresso em universidades públicas. O site do Sisu é o sisu.mec.gov.br.
As inscrições para o processo de 2012 serão abertas no dia 7 de janeiro. O Sisu substituiu o vestibular em 95 instituições, e utiliza a nota do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) de 2011.
Para o primeiro semestre do próximo ano, o sistema oferecerá 108.552 vagas 30% a mais em relação ao mesmo período de 2011 em 3.327 cursos.
O número de instituições de ensino também aumentou, de 83 para 95, nos 26 Estados. Não há nenhuma vaga em instituições do Distrito Federal.
As inscrições serão abertas à 0h do dia 7 e vão até até a 0h do dia 12. O estudante deve fazer duas opções de curso, e durante o período de inscrições, poderá mudar essas opções com base na nota de corte (nota mínima). Cada mudança invalidará a opção anterior.
Diferente dos anos anteriores, quando o sistema ficava fora do ar da 0h às 6h para atualização, em 2012 ele funcionará ininterruptamente. As notas de corte serão divulgadas de madrugada, todos os dias.
O candidato aprovado na primeira opção de curso será automaticamente retirado do sistema. Caso não faça a matrícula na instituição para a qual foi selecionado, perderá a vaga.
Aquele que for selecionado para a segunda opção ou não atingir a nota mínima em nenhum dos dois cursos escolhidos pode permanecer no sistema e ser convocado nas chamadas seguintes.
O resultado da primeira chamada será divulgado em 15 de janeiro. Os candidatos selecionados terão os dias 19 e 20 para fazer a matrícula. As instituições terão prazo de 19 a 23 de janeiro para registrar as matrículas no sistema.

ENEM

Segundo pesquisadores, uma das vantagens de se adotar o Enem como seleção é a economia de gastos com vestibular. E as que aderem ao Sisu ainda podem receber estudantes do país todo.
A desvantagem é a perda de autonomia para selecionar perfil específico de alunos. E as que estão no Sisu podem ter evasão alta, pois calouros estarão fora de suas residências, com mais chances de desistir do curso.

Folha de São Paulo

O futuro promete

E as coisas na Europa vão mais ou menos assim: o BCE (Banco Central Europeu) emprestou quase meio trilhão de euros (R$ 1,2 trilhão) a mais de 500 bancos.
O crédito é por três anos, a juro anual de 1%. Muitos bancos vão usar esse dinheiro para comprar títulos dos governos mais endividados, como Itália e Espanha. Esses países hoje pagam juros anuais entre 4% e 6%.
Ou seja, os bancos vão ganhar a diferença sem fazer absolutamente nada.
Para pagar os juros desses títulos, os países estão cortando na carne. Vendendo empresas estatais de energia, de transporte e até correios. Ou reduzindo pensões e salários de funcionários públicos.
Os governos não veem outra saída: vão emprestar dinheiro barato aos bancos para que eles lucrem com a compra de títulos públicos que financiam suas dívidas.
É uma bola de neve. Mas a aposta é que mais à frente os governos equilibrem seus gastos e suas dívidas. E os bancos, eventualmente, voltem a emprestar mais a consumidores e empresas, reanimando a região.
Enquanto isso, o desemprego na zona do euro é de 10,2% (45% entre os jovens da Espanha).
A crise europeia já tem quatro anos e só vai piorar com os ajustes orçamentários que estão sendo feitos. Vai demorar um bom tempo para os resultados dos ajustes de agora começarem a aparecer. Se é que vão.
Sim, o padrão de vida ainda é elevado, o entorno é agradável, há redes de metrô, seguro desemprego razoável e não existem favelas como as brasileiras.
Mas a realidade está ficando ruim, pesada. E os governos, cada vez mais conservadores.

Fernando Canzian

Conversa para inglês ver

Não deixa de atiçar um orgulho patriótico a informação da imprensa inglesa de que estamos próximos a desbancar o Reino Unido na lista das maiores economias do mundo.
Isso não aconteceria se, nos últimos anos, nossa economia não tivesse um mínimo de estabilidade para gerar mais investimentos.
Mas é bom tomar cuidar com euforia que, certamente, será manipulada pelo governo. Só podemos comemorar nosso crescimento quando os indicadores sociais brasileiros estiverem num patamar de nação desenvolvida o que estamos longe, muito longe de ter. Refiro-me aos números da educação ou saúde. Ou a qualidade de vida nas cidades, a começar pela segurança.
Londres é igual a São Paulo?
Seria uma idiotice não ficar feliz com a informação sobre nosso crescimento e que se deve em boa parte aos anos de PT e PSDB no poder. Mas, pelo mesmos critérios, comemoração civilizada deve ser medida pela qualidade da escola pública, onde se constrói a democracia de um país.
O resto é para inglês ver.

Gilberto Dimenstein

sábado, 24 de dezembro de 2011

Caminhar


Às vezes o caminhar é lento, mas o importante é não parar.
Mesmo um pequeno progresso é um avanço na direção certa.
E qualquer um é capaz de fazer um pequeno progresso.
Se você não pode conquistar algo importante hoje, conquiste algo menor.
Pequenos riachos se transformam em rios poderosos.
Continue em frente.
O que de manhã parecia fora do alcance,
pode ficar mais próximo à tarde se você continuar em frente.
O tempo que usar trabalhando com paixão e intensidade aproximará você do seu objetivo.
É bem mais difícil começar de novo se você pára completamente.
Então, continue em frente. Não desperdice a chance que você mesmo criou.
Existe algo que pode ser feito agora mesmo, ainda hoje.
Pode não ser muito, mas fará com que você continue no jogo.
Caminhe rápido enquanto puder.
Caminhe lentamente quando for preciso.
Mas, seja o que for, continue andando.
E você conseguirá alcançar suas metas…
Realizar seus planos, sonhos…
Portanto, não desista, nunca!
E lembre-se que sua capacidade de continuar vem unicamente de Deus.
“Não que sejamos capazes, por nós, de pensar alguma coisa, como
de nós mesmos; mas a nossa capacidade vem de Deus.”

Portal Angels

Trocar técnico não ajuda os times no curto prazo, diz estudo


A máxima de que é melhor trocar um técnico do que 11 jogadores foi novamente colocada em prática em uma edição do Brasileiro.
Mas, apesar da alta rotatividade (em 2011, foram 23 mudanças de treinadores, excluindo os interinos) ser comum na cultura esportiva do país, algumas demissões neste ano foram marcantes pelo período em que ocorreram.
Adilson Batista, por exemplo, foi mandado embora do São Paulo na 30ª rodada, enquanto Caio Jr. chegou a ser dispensado do Botafogo faltando apenas três jogos para o término do campeonato.
No entanto, um estudo liderado pelo professor Bernd Strauss, da Universidade de Muenster, na Alemanha, aponta que uma troca no comando da equipe não surte efeito dentro de campo em tão pouco tempo.
Após conferirem 14.018 jogos da primeira divisão do Alemão desde 1963, os pesquisadores indicaram que demitir o treinador, tanto durante a mesma temporada quanto de uma para outra, não tem nenhum efeito sobre o desempenho do time nas partidas subsequentes.
A pesquisa considerou apenas times que disputaram um mínimo de dez jogos antes e depois de trocarem de treinador, além de terem participado do Alemão do ano seguinte. E constatou que 82% dessas equipes tiveram um desempenho inferior com os novos comandantes.
Em números absolutos, a queda na performance na tabela foi, em média, de nove pontos para os grandes clubes e de cinco pontos para os chamados times pequenos.
"A influência dos treinadores no desempenho dos times é limitada, atingindo cerca de 15% em relação a outros fatores, como folha salarial da equipe e aspectos motivacionais e psicológicos, que são mais difíceis de mensurar", contabiliza o texto do estudo.
Ainda segundo o levantamento, o principal motivo das demissões foi o mau desempenho, sendo que resultados ruins em dois jogos seguidos foram determinantes para a troca de comando.
"Substituir um técnico não é positivo se não há uma filosofia por trás. Toda mudança faz o processo de formação de um time voltar à estaca zero", afirma José Nogueira Júnior, segundo secretário do Sitrefesp (sindicato paulista de treinadores de futebol).
Para ele, uma das principais causas do grande número de trocas de técnico "é o amadorismo dos dirigentes, que não conhecem metodologias de treinamento."
"O ideal seria um treinador ficar, no mínimo, um ano e meio em um clube para termos condições de fazer uma análise consistente", diz.
O estudo alemão mostra que o Eintracht Frankfurt foi o clube que mais demitiu técnicos. No total, 20 vezes em 47 anos de primeira divisão. Já o húngaro Gyula Lorant e o alemão Joerg Berger foram os treinadores que mais perderam o emprego pelos maus resultados seis vezes.
Números que soam pequenos para o futebol brasileiro.

GUILHERME YOSHIDA

Juízes defendem corregedora do CNJ e expõem racha da categoria


Um grupo de juízes federais começou a coletar ontem assinaturas para um manifesto público condenando as críticas feitas pela Ajufe (Associação dos Juízes Federais do Brasil) à atuação da corregedora nacional de Justiça, ministra Eliana Calmon.
"Entendemos que a agressividade das notas públicas da Ajufe não retrata o sentimento da magistatura federal. Em princípio, os juízes federais não são contrários a investigações, promovidas pela corregedora. Se eventual abuso investigatório ocorrer é questão a ser analisada concretamente", afirma o manifesto, para realçar que "não soa razoável, de plano, impedir a atuação de controle da corregedoria".
No auditório da Folha, Corregedora do CNJ, Eliana Calmon, durante debate sobre poder de investigação do conselho
A ideia surgiu em lista de discussão de magistrados federais na internet. Foi proposta pelo juiz federal Rogério Polezze, de São Paulo.
Ganhou adesões após a manifestação do juiz Sergio Moro, do Paraná, especializado em casos de lavagem de dinheiro, não convencido de que houve quebra de sigilo de 200 mil juízes.
"Não estou de acordo com as ações propostas no STF nem com as desastradas declarações e notas na imprensa", disse Moro. "É duro como associado fazer parte dos ataques contra a ministra."
"Não me sinto representado pela Ajufe, apesar de filiado", afirmou o juiz federal Jeferson Schneider, do Paraná, em mensagem na lista de discussão dos juízes. Marcello Enes Figueira disse que "assinava em baixo do que afirmou o colega Sergio Moro".
O juiz federal Odilon de Oliveira, de Campo Grande (MS), também aderiu, afirmando que "entregar" a ministra era um "absurdo" que a Ajufe cometia. "A atitude da Ajufe, em represália à ministra é inaceitável", diz o juiz Eduardo Cubas, de Goiás.
O juiz Roberto Wanderley Nogueira, de Pernambuco, criticou as manifestações das entidades. E disse que "a ministra não merece ser censurada, e tanto menos execrada pelos seus iguais, pois seu único pecado foi ser implacável contra a corrupção".
O presidente da Ajufe, Gabriel Wedy, atribuiu a iniciativa à proximidade das eleições para renovação da diretoria da Ajufe, em fevereiro. "É um número bastante pequeno, diante de 2.000 juízes federais", disse. "São manifestações democráticas e respeitamos o direito de crítica."
A Ajufe e outras duas associações de juízes entraram ontem com representação na Procuradoria-Geral da República contra Calmon, para que seja investigada sua conduta na investigação sobre pagamentos atípicos a magistrados e servidores.
Para os juízes, a ministra quebrou o sigilo fiscal dos investigados, ao pedir que os tribunais encaminhassem as declarações de imposto de renda dos juízes.
"Não se pode determinar ou promover a 'inspeção' das 'declarações de bens e valores' dessas pessoas, porque tais declarações são sigilosas e não poderiam ser objeto de qualquer exame por parte da corregedora nacional de Justiça", diz a representação.
Calmon não comentou a representação dos juízes. Anteontem, a ministra disse que os magistrados e servidores são obrigados a entregar aos tribunais todo ano a declaração de Imposto de Renda.
Segundo Calmon, os dados são entregues aos tribunais justamente para que a corregedoria tenha acesso, e não para "ficarem dentro de arquivos".
O objetivo da corregedora é cruzar as informações com levantamento do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), que apontou 3.438 juízes e servidores com movimentações atípicas.
A polêmica começou quando o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Ricardo Lewandowski mandou parar a investigação no Tribunal de Justiça de São Paulo, primeiro alvo da corregedoria do CNJ.
Os juízes então passaram a acusar a ministra Eliana Calmon de quebrar o sigilo de todos os magistrados e servidores que foram alvo da varredura do Coaf, um total de mais 200 mil pessoas.
A ministra rebateu e disse que as acusações são uma maneira de tirar o foco da investigação do CNJ.

FREDERICO VASCONCELOS
FILIPE COUTINHO

Salário mínimo será de R$ 622 em janeiro

A presidente Dilma Rousseff assinou nesta sexta-feira (23) o decreto que prevê salário mínimo de R$ 622 a partir de janeiro de 2012. A decisão deve ser publicada no "Diário Oficial da União" no início da próxima semana.
Desde o segundo mandato do presidente Lula, os reajustes anuais do mínimo têm seguido uma fórmula que combina o INPC acumulado desde o aumento anterior e o crescimento da economia do ano retrasado.
Pela legislação em vigor, o arredondamento dos valores deve ser sempre para cima. Por conta disso, havia a expectativa de que o valor pudesse ser de R$ 625.
De acordo com lei publicada no início do ano, que também estabeleceu o piso salarial brasileiro em R$ 545, essa metodologia será seguida pelo menos até 2015.

CONSTITUCIONAL

Em novembro, o Supremo Tribunal Federal decidiu, por 8 votos a 2, que a definição do valor do salário mínimo por decreto é constitucional. Partidos da oposição questionaram na corte a constitucionalidade do ato.
A maioria dos ministros, no entanto, entendeu que apesar de a Constituição Federal afirmar que o valor do mínimo seja estabelecido por lei, a previsão de reajustar o benefício por decreto não dará à Presidência liberdade para determinar o novo valor.

FLÁVIA FOREQUE

CNJ merece estátua

As entidades de classe da magistratura deveriam erguer uma estátua em homenagem ao CNJ (Conselho Nacional de Justiça). A varredura financeira da vida de 216.800 juízes, servidores e parentes encontrou 3.438 movimentações suspeitas apenas 1,6% do universo investigado.
Ora, é um dado que deveria ser comemorado. Na prática, a medida resultou num atestado de boa conduta, digamos assim, de 98,4% dos CPFs que passaram pelo escrutínio do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), órgão subordinado ao Ministério da Fazenda.
Mas pensam diferente a AMB (Associação dos Magistrados Brasileiros), a Anamatra (Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho) e a Ajufe (Associação dos Juízes Federais do Brasil). Essas entidades enxergaram a varredura como uma afronta à lei.

Esquisito.

A demonização dos juízes deve ser evitada. Os dados recomendam isso. Afinal, o levantamento do CNJ mapeou suspeitas a respeito de uma minoria. A corregedora do CNJ, Eliana Calmon, disse que boa parte dessas suspeitas poderá ser esclarecida com o exame detalhado caso a caso. Portanto, esse 1,6% tende a ficar menor.

Por que tanto barulho?

Porque o CNJ resolveu investigar peixes graúdos. Decidiu comprar briga com as cúpulas dos tribunais estaduais e com o presidente do STF, Cesar Peluso, que tem agido com um corporativismo que incomoda colegas seus do Supremo Tribunal Federal.
As entidades de classe da magistratura e o ministro Peluso não querem dar satisfações à opinião pública. Não enxergaram que o Brasil mudou. Não aceitam que a sociedade faça uma distinção entre o que é legal e o que é moralmente correto. Apelam ao formalismo jurídico, esquecendo-se de que o direito não é imutável. Por isso, não querem jogar luz sobre pagamentos milionários de auxílio-moradia dos anos 90.
Peluso e o ministro do STF Ricardo Lewandovski receberam esse benefício. Integrantes do Tribunal de Justiça de São Paulo e do STJ (Superior Tribunal de Justiça) também se encontram na mesma situação.
Nada mais justo, para usar a palavra precisa no caso, do que fornecer à sociedade uma explicação dos valores e dos motivos dos pagamentos.
O que a AMB, a Anamatra, a Ajufe e alguns ministros de tribunais superiores querem é usar um escudo legalista para deixar na sombra assuntos que merecem uma explicação política. Parece que vão perder essa batalha.

JOGO DE EXPECTATIVA

No pronunciamento oficial de hoje (23/12), a presidente Dilma Rousseff dirá que 2012 será melhor do que 2011. Dilma pretende estimular expectativas positivas para a economia. Tentará animar o auditório, como fez o então presidente Lula na crise de 2008-2009.
O governo sabe que a China poderá comprar menos do Brasil em 2012, o que trará algum impacto negativo sobre o nosso crescimento. Mas aposta que o mercado interno mais uma vez vai segurar a onda e surpreender.

Kennedy Alencar

Prefira o jogo de búzios


Delfim Netto, um raro professor de Economia capaz de expor cruamente as deficiências da profissão, publicou em sua coluna mais recente na Folha um quadrinho com a mediana das previsões dos economistas, no último dia do ano passado, comparando-as com os resultados quase definitivos colhidos a 16 de dezembro.
Como era previsível, todas as previsões foram erradas, todas (ver o quadro ao lado). No caso, por exemplo, do saldo comercial, o fracasso dos economistas foi ainda mais dramático do que o do Santos diante do Barcelona: previam saldo de US$ 8 bilhões. Deu US$ 29 bilhões ou quase quatro vezes mais.
Imagine se, no seu orçamento doméstico ou da empresa para a qual trabalha, você cometesse erro dessa magnitude. Na primeira hipótese, estaria arruinado. No segundo, demitido por justa causa, portanto sem direito à indenização.
Já com os economistas que fazem essas previsões, nada acontece. Repetem-nas mês a mês, ano a ano, os jornais as publicam, religiosamente, sem ao menos conferir quem errou e quanto errou, para contar ao leitor qual é a credibilidade dos palpiteiros (ou falta dela, na maior parte dos casos).
Outro erro que parece menor mas é colossal se deu no item "crescimento da economia": o palpite no fim do ano passado era de crescimento de 4,50% para 2011. Agora, é de magros 2,92%. Dá, portanto, 1,63 ponto percentual do PIB a menos. Um nadica de nada, certo? Errado, completamente errado.
Esse erro significa que o Brasil ficou uns R$ 50 bilhões menos rico do que os palpiteiros previam há um ano. Repito: US$ 50 bilhões. Se, nas suas contas pessoais, você cometesse um erro que fosse apenas fração (1% por cento, digamos) dessa pilha de dinheiro, estaria na maior ruína.
Moral da história: sempre que ler previsões sobre o desempenho da economia, lembre-se que são tão científicas talvez até menos do que jogar os búzios ou ler o tarô. Feliz Natal.

Clóvis Rossi

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

A China vai quebrar?

Considere o panorama seguinte: o crescimento recente foi baseado num enorme boom de construção alimentado pela alta dos preços dos imóveis, boom esse que exibe todos os sinais clássicos de uma bolha. Houve um crescimento acelerado do crédito - tendo boa parte desse crescimento se dado não através dos bancos tradicionais, mas por meio de "operações bancárias nas sombras", não regulamentadas, que não são sujeitas a fiscalização governamental, nem contam com garantias governamentais. Agora a bolha está estourando - e existem motivos reais para temer uma crise financeira e econômica.
Estou descrevendo o Japão no final dos anos 1980? Ou a América em 2007? Poderia estar. Mas, neste momento, estou falando da China, que está emergindo como mais um ponto de perigo em uma economia mundial que realmente não precisa disso neste momento.
Venho relutando em me manifestar sobre a situação da China, em parte porque é tão difícil saber o que realmente acontece por lá. Todas as estatísticas econômicas podem ser mais bem vistas como alguma forma especialmente entediante de ficção científica, mas as cifras chinesas são mais fictícias que a maioria. Eu pediria um parecer a especialistas na China, mas parece que não há dois sinólogos que estejam contando a mesma história.
Mesmo assim, até mesmo os dados oficiais são preocupantes - e as notícias recentes são suficientemente dramáticas para fazer soar alarmes.
O que mais chamou a atenção na economia chinesa nos últimos dez anos foi como o consumo doméstico, embora tenha aumentado, estava defasado em relação ao crescimento total. Hoje os gastos dos consumidores representam apenas cerca de 35% do PIB, mais ou menos a metade do nível visto nos Estados Unidos.
Então quem está comprando os bens e serviços que a China produz? Parte da resposta é "nós estamos": à medida que a participação dos consumidores na economia foi caindo, a China foi cada vez mais confiando em superávits comerciais para manter seu setor manufatureiro ativo. Mas a história maior, desde o ponto de vista da China, são os gastos com investimentos, que alcançaram quase metade do PIB.
A pergunta óbvia é: com a demanda dos consumidores relativamente fraca, o que motivou todos esses investimentos? E a resposta é que eles dependeram, em grande medida, da bolha imobiliária sempre crescente. Desde 2000 os investimentos no setor imobiliário mais ou menos dobraram como parcela do PIB, sendo diretamente responsáveis por mais de metade do aumento geral nos investimentos. E, com certeza, boa parte do resto do aumento se deveu a firmas que se expandiram para vender para o setor crescente da construção.
Sabemos com certeza que o crescimento do setor imobiliário foi uma bolha? Ela teve todos os sinais: não apenas a alta dos preços, mas também o tipo de febre especulativa que já conhecemos bem demais de nossas experiências de alguns anos atrás. Pense no litoral da Flórida.
E houve outro paralelo com a experiência americana: enquanto o crédito se expandiu, boa parte dele veio não de bancos, mas de um sistema bancário nas sombras, não supervisionado e não protegido. Houve diferenças enormes nos detalhes: o financiamento nas sombras à moda americana geralmente envolveu firmas de prestígio em Wall Street e instrumentos financeiros complexos, enquanto a versão chinesa tende a passar por bancos clandestinos e até mesmo casas de penhores. Mas as consequências foram semelhantes: na China, assim como aconteceu nos EUA alguns anos atrás, o sistema financeiro pode estar muito mais vulnerável do que revelam os dados sobre os bancos convencionais.
Agora a bolha está estourando visivelmente. Quantos danos vai causar à economia chinesa - e ao mundo?
Alguns comentaristas dizem que não precisamos nos preocupar: que a China tem líderes fortes e inteligentes que farão o que for preciso para lidar com um desaquecimento. O que fica implícito, embora não seja declarado com frequência, é a ideia de que a China poderá fazer o que for preciso porque não precisa preocupar-se com boas maneiras democráticas.
Para mim, porém, isso não soa convincente. Me lembro muito bem de ouvir frases tranquilizadoras semelhantes sobre o Japão nos anos 1980, quando os burocratas brilhantes do Ministério das Finanças supostamente tinham tudo sob controle. E, mais tarde, houve as declarações de que a América jamais repetiria os erros que levaram à década perdida do Japão - sendo que, na realidade, estávamos tendo um desempenho ainda pior que o Japão tinha tido.
Quero registrar que as declarações sobre política econômica feitas por autoridades chinesas não me parecem especialmente lúcidas. Em especial, o modo como a China anda reagindo negativamente a estrangeiros - entre outras coisas, impondo uma tarifa punitiva a automóveis de fabricação americana, algo que não ajudará sua economia em nada mas ajudará a envenenar as relações comerciais - não soa como um governo maduro que sabe o que está fazendo.
E evidências empíricas sugerem que, embora o governo chinês possa não ter sua atuação limitada pelo Estado de direito, essa atuação é limitada pela corrupção ampla, que significa que o que acontece de fato ao nível local pode guardar pouca semelhança com o que é ordenado em Pequim.
Espero que eu esteja sendo desnecessariamente alarmista. Mas é impossível não se preocupar: a história da China soa um pouco parecida demais com as quebras que já testemunhamos em outras regiões. E uma economia mundial que já está sofrendo com o caos na Europa realmente não precisa de um novo epicentro de crise.

Paul Krugman

Titanic europeu

MADRI/ROMA - Para quem está acostumado ao subdesenvolvimento visualmente feio, sujo e malvado de cidades brasileiras como São Paulo, é difícil perceber o tamanho da crise nas principais capitais europeias.
Mas ela está presente. Latente no cotidiano, nas manchetes dos jornais, na TV, nas conversas, em dezenas de lojas fechadas no centro e em inúmeros cartazes de imóveis à venda.
Imóvel para alugar no centro de Madri; o mercado imobiliário espanhol continua em crise
Ou mais presente ainda, como em um acampamento de "indignados" montado a poucos metros do Coliseu. Ou em cartazes chamando para manifestações em Roma ou Madri.
Mas não seria exagero dizer que o pior, do ponto de vista europeu, ainda está por vir.
O desemprego médio entre os 17 países que usam o euro é de 10,2%. Mas entre os mais jovens ele sobe a 29% na Itália e a 45% na Espanha.
Mesmo na Alemanha (média de 6,9%) a crise entre os jovens só não é explosiva devido aos "minijobs", que permitem a criação de vagas precárias que pagam hoje uma média de 230 euros (R$ 550) por mês. Há 7 milhões de alemães nisso.
Acampanento do movimento dos "indignados" próximo ao Coliseu, em Roma
Neste exato momento várias economias europeias já entraram ou estão entrando novamente em recessão. E elas nem sentiram ainda todo o custo dos programas de ajuste adotados pelos quatro cantos do continente.
Na Itália, quando totalmente implementado, o ajuste vai tirar 3.160 euros (R$ 7.600) por ano do bolso de uma família média via impostos sobre o consumo e residências.
O governo de Mario Monti persegue uma economia de 33 bilhões de euros (R$ 80 bilhões) para pagar as dívidas estatais. Isso deve custar à Itália, segundo o FMI, cinco pontos a menos de crescimento em três anos.
Visto por alto, o problema central da Europa pode até parecer esse: excesso de dívidas. Logo, a solução é apertar os cintos, atravessar o deserto, e voltar a crescer daqui a alguns anos.
Espanhóis formam fima de mais de 300 metros em Madri para apostar na loteria de Natal
Haveria gordura para queimar, especialmente para quem vê a região, seu Estado de bem estar social, renda e infraestrutura com olhos de subdesenvolvido.
Mas o buraco é mais embaixo. Daí o nervosismo nos mercados e o desconforto da população.

Um breve retrospecto:

1) Já chegou-se à conclusão de que alguns países têm dívidas muito altas; e o mercado passou a exigir juros insustentáveis para rolá-las;
2) Alemanha e França, os dois mais fortes do euro, impuseram ajustes nos gastos dos demais e agora trabalham por um compromisso que leve a punições para quem não andar na linha;
3) Enquanto isso, a Alemanha se recusa a permitir que o BCE (Banco Central Europeu) garanta a rolagem das dívidas dos mais endividados. Por dois motivos: porque os alemães teriam de pagar parte da conta dos demais e porque, assim fazendo (e também se endividando), a Alemanha seria obrigada a pagar juros maiores para ela mesma se financiar (hoje o faz a custo quase zero).
Em resumo, esse é o plano europeu: ajustar os endividados sob a batuta alemã.
Dois problemas: recessões pioram rapidamente o endividamento de qualquer país, pois dívidas são examinadas como proporção do PIB; e a Europa só chegou a isso porque não criou nenhuma outra alternativa.
A Alemanha é o país que mais se beneficiou com a criação do euro e o endividamento dos demais. Ela não só pagou com isso o pesado custo de integrar a ex-Alemanha Oriental nos anos 1990 como se tornou o motor da região, com o grosso de suas exportações voltadas para a Europa.
Com a região embarcando em um pesado ajuste de longo prazo, a Alemanha certamente sofrerá consequências difíceis de manejar.
O pano de fundo de tudo é que o arranjo da chamada Eurolândia dependia do endividamento de alguns para que outros prosperassem, e dessem respaldo aos demais pela via de uma moeda única, o euro.
Funcionou por um tempo, até que as dívidas de alguns começaram a chamar demais a atenção. Daí a ameaça de terem de deixar o euro e a proteção que a moeda oferece.
A alternativa 2.0 (além do euro) seria a Alemanha finalmente concordar com a união fiscal plena na região. Significa que ela compartilharia com os demais o custo da rolagem das dívidas, por meio de eurobônus garantidos pelas 17 economias do euro.
Há quem aposte que a Alemanha esteja primeiro exigindo austeridade dos demais para só depois entrar com seu lastro e passar a garantir as dívidas europeias, aliviando a pressão.
"Frau Nein", como Angela Merkel é chamada, não dá nenhuma indicação de que tomará esse caminho.
Mesmo isso não resolveria o grande problema subterrâneo: há uma disparidade enorme de industrialização, produtividade, benefícios sociais e, em última instância, "filosofias de vida" entre os 17 países da Eurolândia.
O euro foi uma tentativa quase abstrata de aplainar isso. Não está funcionando.

Fernando Canzian

PIB de Natal!



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Como conquistar Marte

As crescentes discussões a respeito das mudanças climáticas levam à consideração de que talvez um dia não sobre opção para o Homo Sapiens a não ser o abandono da casa da mamãe Natureza e, na colonização de outros planetas, recomeçar evitando os mesmos erros cometidos até agora.
Por mais romântica que soe a ideia, a conquista de territórios desconhecidos, no fundo do oceano ou em outros planetas, é mais complicada do que pode supor nossa vã tecnologia. Assumindo que todos os recursos para ocupar, por exemplo, Marte, já tivessem sido inventados e fossem acessíveis, por onde começar? Que indústrias seria preciso levar para que a vida no Planeta Vermelho se tornasse minimamente sustentável?
Meu palpite é que o começo deveria ser, ironicamente, por segmentos que são os mais poluentes hoje: energia e mineração. Por mais que adoremos odiá-los e culpá-los por boa parte da poluição e de seqüelas diversas ao meio ambiente, sem indústria de base não há civilização. E qualquer modelo econômico auto-suficiente (ou sustentável) precisa ser independente do fornecimento externo de materiais e combustíveis. Não é preciso futurologia para se perceber que, enquanto a relação entre fornecimento de energia e controle de poluição não for resolvida, qualquer nova conquista somente servirá para adiar o problema.
Vivemos em um mundo cada vez mais integrado. Por mais que a Internet permeie praticamente todos os processos comerciais e industriais, ainda são poucos os que levam em consideração o impacto que sua nova ideia poderá ter nos outros produtos com que se relaciona. Assim boas iniciativas de e-commerce quebram por falta de estoque, novas agências fecham por falta de pessoal e novos projetos são descontinuados por falta de público.
Territórios ainda inexplorados, novos produtos e serviços são hoje como pequenos ecossistemas. À medida que a tecnologia e a logística os torna mais complexos e interdependentes, não se pode mais imaginá-los isolados. Cada novo elemento interfere em todos os outros, sendo igualmente impactado por eles.
Infelizmente ainda são poucas as empresas (e empreendedores) que imaginam seus produtos como partes de uma rede. A maioria ainda os vê como mercadorias que, uma vez entregues, são esquecidas. Pouco importam as reclamações de consumidores ou resenhas negativas, gerentes de bancos continuam a receber ordens para vender planos de capitalização que descapitalizam seus usuários sem gerar grandes benefícios em troca. Em outras indústrias e oligopólios, capitães ainda fazem vista grossa para a evolução dos tempos enquanto vendem os mesmos velhos produtos e filosofias de negócio, esperando o fim dos tempos no camarote de seus Titanics, na certeza que se aposentarão antes dele.
Quem se dispõe a conquistar novos mercados ou mesmo sobreviver em um ambiente cada vez mais competitivo precisa criar uma rede com um mínimo de integração e auto-suficiência, adaptando sua oferta às cadeias de negócios existentes, mesmo que pareçam arcaicas. Não faltam iniciativas que morrem por serem revolucionárias ou modernas demais para sua época.
Por mais bacanas que sejam os computadores Macintosh, boa parte de seus usuários só surgiu depois que o iPhone integrou celulares, mídia e aplicativos, misturando-se sorrateiramente ao modo de vida de seus usuários. Da mesma forma, empresas menores como DropBox, Angry Birds e Evernote começam pequenas, quase irrelevantes, até que, como Twitter e Facebook, se tornam indispensáveis.

Luli Radfahrer

Falência múltipla!



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O sinistro efeito Palo Alto e as ditaduras

Será que o Google enfim amadureceu? O cuidado com que a empresa vem tratando a tecnologia de reconhecimento facial parece confirmar essa tese. Basta compará-lo ao Facebook que, tendo apresentado sua tecnologia de reconhecimento facial em junho, se viu apanhado em uma onda mundial de rejeição às suas propostas devido a preocupações com privacidade. No entanto, o Google foi mais afortunado: algumas semanas atrás, a companhia revelou tecnologia para identificar amigos em fotos postadas na sua rede social Google + e quase ninguém reparou.
As reações diferentes são fáceis de explicar: o Facebook instalou esse recurso para todos os usuários sem pedir sua permissão, enquanto o Google tornou sua ferramenta opcional. O Facebook agora talvez esteja adotando essa abordagem mais polida: o recente acordo entre a empresa e a Comissão Federal do Comércio norte-americana estipula que todas as futuras mudanças nos controles de privacidade existentes requererão autorização dos usuários.
A web parece estar abandonando a mentalidade da opção compulsória, característica dos brutamontes mandões ou seja, "sabemos que vocês vão adorar esse recurso, e por isso ele será habilitado automaticamente em troca da mentalidade de adesão voluntária que caracteriza os diplomatas mais habilidosos "ei, veja só como é bacana esse novo recurso mas só se você estiver interessado". Como demonstra a adesão do Facebook ao "compartilhamento sem fricção", uma coisa é nos forçar a compartilhar aquilo que estamos ouvindo alterando sem nossa permissão os controles de privacidade em nossas páginas; já convencer os usuários de que essa é a coisa certa e bacana a fazer é questão bem diferente. A primeira atitude é uma ofensa. A segunda, uma causa de celebração.
E no entanto, o triunfo da adesão voluntária não é bem o que parece. Embora seja certamente menos coerciva, a adesão voluntária ainda faz com que a tecnologia subjacente no caso, a de reconhecimento facial pareça normal e aceitável. Mas as companhias de tecnologia não reconhecem o fato. "A decisão cabe totalmente aos usuários. O que importa é dar mais controle aos usuários. Não os estamos forçando a nada as pessoas podem optar por ficar de fora". Essa retórica morna de "dar poder ao usuário" vem sendo a base do evangelho do Vale do Silício há décadas. Tem por base uma crença ingênua em que tecnologias são apenas ferramentas e que seu impacto é instrumental. Assim, se os usuários desejam usar a ferramenta X para executar a tarefa Y, a única coisa que precisa ser debatida é a desejabilidade da tarefa Y. Que a adoção ampla da ferramenta X possa deflagrar um inesperado efeito Z é algo que jamais incomoda aos instrumentalistas, ou se o faz, eles simplesmente descartam o fator como algo de incalculável.
No entanto, esse tipo de raciocínio desconsidera o fato de que as tecnologias, além de servirem a suas funções imediatas, também causam efeitos ecológicos na verdade, transformam ambientes, ideologias, usuários, relações de poder e outras tecnologias. Assim, embora carros possam ser uma maneira de chegar do Ponto A ao Ponto B, ninguém deveria se concentrar apenas nesse aspecto e desconsiderar o que a cultura do automóvel mais ampla pode estar causando em termos de qualidade e até mesmo modos de vida nas cidades, índices de poluição ou estatísticas de mortalidade. O foco nos usos imediatos de um artefato quer seja de adesão compulsória ou voluntária- parece ser uma má maneira de resolver o "problema do carro".
Da mesma forma, presumir que uma dada tecnologia não é problemática porque seus usuários podem desativá-la parece pouco sensato. Por que deveríamos descartar a possibilidade de que, assim que número suficiente de pessoas opte por usá-la, a adoção coletiva dessa tecnologia possa transformar dramaticamente o ambiente social, fazendo da opção de não usá-la algo pouco desejável, ou até impossível? Considere os espaços públicos na Califórnia: assim que número suficiente de californianos optaram por usar o carro, algo mudou tanto em termos de infraestrutura pública quanto de normas- e isso fez da Califórnia um ambiente nada propício a viver sem carro. O carro continua a nos levar do Ponto A ao Ponto B, mas será que nossa qualidade de vida não seria muito melhor se tivéssemos tentado antecipar seus efeitos colaterais e desenvolver uma visão mais multifacetada da tecnologia automobilística?
Agora, voltando ao tema das tecnologias automatizadas de reconhecimento facial, eis o que sabemos: é fácil usá-las para fins abusivos. Um serviço de busca que identifique nomes de pessoas com base em suas fotos seria muito popular junto aos ditadores, sempre ávidos por reprimir os protestos populares. Também sabemos que a tecnologia de reconhecimento facial já conquistou espaço em muitas áreas. É uma maneira popular de proteger celulares e laptops e evitar uso não autorizado. É usada em muitos consoles de videogame para criar uma experiência de jogo mais personalizada. Também é utilizada para identificar em tempo real! o número de frequentadores de cada sexo em um bar. E a lista é muito mais longa.
Usos aparentente inócuos como esses estimularam o surgimento de uma nova geração de empresas que buscam usos novos para essa tecnologia nem todos inócuos, e muitos dos quais antevistos por seus críticos. Quando o público geral acordar, a tecnologia terá, é claro, se incorporado de tal forma à nossa cultura que será tarde demais para fazer alguma coisa.
Em certo sentido, estamos lidando com um processo mais sinistro que a noção popular de um "efeito borboleta" a ideia de que uma borboleta batendo as asas no Brasil pode deflagrar um tornado no Texas. Talvez o melhor nome seja "efeito Palo Alto": um usuário despreocupado em Palo Alto que decida optar pelo uso da tecnologia de reconhecimento facial do Google termina fortalecendo um ditador em Damasco. Por que "sinistro"? Porque o usuário de Palo Alto, ao contrário da borboleta, pode antecipar o que virá mas prefere não fazê-lo.
O que se pode fazer? Bem, podemos impor essa carga ética aos usuários de Internet e sensibilizá-los quanto às consequências posteriores (ainda que indiretas) de suas escolhas. Existem muitos precedentes quanto a isso. As crescentes preocupações quanto à desigualdade econômica, mudança do clima e mão-de-obra infantil resultaram no movimento de "consumo ético", que tenta levar o consumidor a considerar as ramificações éticas de seu comportamento no mercado.
Da mesma forma, por que não pensar em aplicar conceitos semelhantes ao nosso envolvimento com a Internet? O que seria necessário para uma "navegação ética" ou "rede social ética"? Jamais usar sites que empreguem técnicas de reconhecimento facial? Recusar fazer negócios com empresas de Internet que cooperem com a Agência Nacional de Segurança (NSA), [a organização que cuida da espionagem eletrônica norte-americana]? São escolhas que teremos de fazer se não desejamos que a Internet seja uma área isenta de ética. Afinal, o uso irrefletido da tecnologia, assim como o consumo irrefletido, não cria bons cidadãos.
Mas as companhias de Internet também precisam fazer sua parte. É claro que o Google e o Facebook são diferentes das grandes empresas rapaces que exploram trabalhadores rurais e crianças. Nenhuma delas está criando ferramentas de vigilância que poderiam ser usadas por ditadores. O que elas fazem, porém, é ajudar a criar uma infraestrutura técnica e ideológica para que essa cultura surja de maneira aparentemente natural. Isso não oferece argumentos fortes em favor da regulamentação mas abre as portas a ativismo cidadão, boicotes e, se tudo mais falhar, desobediência civil.
As companhias de Internet sabem perfeitamente que têm responsabilidades. No começo do ano, Eric Schmidt, presidente do conselho do Google, classificou a tecnologia de reconhecimento facial como "sinistra" e expressou preocupação quanto a ela. Mas sua companhia acaba de endossar essa tecnologia ainda que com a cláusula de adesão voluntária. O Google imagina que isso o proteja de acusações de comportamento antiético; afinal, a decisão cabe ao usuário. Mas será que nos deixaríamos persuadir se as companhias petroleiras alegassem que, se você se preocupa com a mudança do clima, não deveria dirigir um Humvee? Talvez não. É por fingirem não saber como esse triste filme acaba que as companhias de tecnologia cometem seu maior deslize ético.

Evgeny Morozov

Uma lição de futebol

Tinha esperanças que o Santos poderia fazer uma boa partida contra o Barcelona. Inclusive escrevi aqui que o time brasileiro tinha chances de vencer o confronto. Mas, pelo que o time espanhol apresentou na final do Mundial de Clubes, a equipe comandada por Pep Guardiola é disparada o melhor do planeta.
O que o Barcelona fez contra o Santos deve ser chamado de uma aula de futebol.
Contra os brasileiros, a equipe catalã entrou em campo sabendo que era favorita e superior e se comportou como tal durante os 90 minutos, não dando chances ao adversário. Venceu por 4 a 0, como poderia ter feito, pelo menos mais quatro gols, que não aconteceram graças às traves e ao goleiro Rafael - o melhor santista na partida.
Se assistir ao Barcelona na TV já gera um grande prazer para quem gosta do futebol bem jogado, quando se vê o time no estádio é possível realmente entender porque o Barcelona manda no futebol da Europa e Mundial atualmente.
É incrível a coordenação tática que a equipe tem. Todos os jogadores sabem muito bem o que é preciso fazer no gramado. O time está sempre em movimento, criando problemas para os adversários, mas seus jogadores não precisam correr muito em campo, porque o time está sempre compacto.
A movimentação constante faz com que qualquer jogador do Barcelona, quando recebe a bola, tenha no mínimo três ou quatro opções para passar a bola. Por isso, o time consegue trocar tantos passes e têm um volume de jogo inigualável.
Assim, como mutos toques, o time vai minando qualquer possibilidade do adversário, porque não há sistema defensivo que consiga ficar organizado sendo obrigado a correr, simultaneamente, atrás da bola e ainda cuidar da marcação dos jogadores.
A mesma movimentação que o Barcelona faz quando tem a posse de bola, ele realiza nos poucos momentos que o adversário tenta jogar. O time, além de saber atacar, tem o melhor sistema defensivo do planeta.
Consegue ter sempre vários jogadores pressionando o adversário. O time ocupa tão bem todos os setores do gramado que, quando está marcando, nenhum jogador do time catalão precisa dar carrinho ou chutão para tirar a bola dos adversários.
Também não se pode esquecer que o Barcelona só consegue ter sucesso e ser um time muito bem armado taticamente - inclusive com as inúmeras variações de formação -, pois conta com um elenco excepcional, com jogadores que sabem jogar em várias posições.
Por exemplo: se Messi está marcado, ele abre espaço para os seus companheiros de meio, como Xavi, Iniesta, Fabregas, que sabem muito bem como meias bem avançados que entram na área para finalizar.
O Barcelona é um time tão balanceado, que as jogadas acontecem com a mesma intensidade tanto pelo lado direito, que nos chama atenção graças aos avanços de Daniel Alves, quanto pelo esquerdo.
Nunca existiu time invencível, mas o atual Barcelona é o que mais se aproxima disso

DESTAQUE

Não gostei da forma que Muricy Ramalho escalou o Santos, com três zagueiros. O time ficou perdido na defensiva, com o trio de zagueiros muito longe dos volantes - nessa faixa Messi, por exemplo, tinha todo campo do mundo para fazer suas arrancadas. Para piorar Danilo e Leo jogavam como laterais e não como jogadores de meio e deram mais espaços para os armadores do Barcelona.
Em algumas situações ficava claro que o Santos tinha sete jogadores - mais o goleiro - atrás da linha da bola, mas muitos não sabiam o que fazer. Os zagueiros ficavam lá trás, enquanto os volantes corriam atrás da bola. Chegamos ao ponto que no meio do campo tínhamos quatro santistas, tentando marcar sete jogadores do Barcelona, enquanto os três zagueiros do Santos ficavam sem função na partida.
A armação tática do início da partida deixou o time da Vila tão perdido, que os jogadores do Santos ficavam gesticulando e sempre tentando se localizar em que zona do gramado eles estavam.
Preferia ver o Santos tomando quatro gols, jogando como sempre atuou buscando o jogo, do que ser um time totalmente desfigurado na partida mais importante que fez na temporada.

ERA PARA SER DESTAQUE

Faz tempo que eu escrevo que não se pode achar que o equilíbrio do Campeonato Brasileiro é fruto de contarmos com grandes equipes. Se o nosso melhor time não consegue impor nenhuma resistência ao Barcelona é porque o nível dos elencos dos times brasileiros é muito baixo. Só para lembrar: não é só para times com o porte do Barcelona que os clubes brasileiros sofrem grandes derrotas. Nos últimos anos eles também têm perdido muitas vezes times medianos da América do Sul.

HUMBERTO PERON

A 'faxina' continua!



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Ornamento$!



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Em decisão liminar, ministro do STF esvazia poderes do CNJ

Em decisão liminar nesta segunda-feira (19), o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Marco Aurélio Mello suspendeu o poder "originário" de investigação do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) contra magistrados, determinando que o órgão só pode atuar após as corregedorias locais.
A liminar concedida pelo ministro deve ser levada a plenário na primeira sessão do ano que vem, no início de fevereiro, para que seus colegas avaliem o tema. Até lá, no entanto, as funções da corregedoria do CNJ estarão esvaziadas.
Ficarão prejudicadas aquelas investigações que tiveram início diretamente no conselho, antes que tenham sido analisadas nas corregedorias dos tribunais onde os juízes investigados atuam.
Como está previsto na Constituição, o CNJ pode ainda avocar [determinar a subida de] processos em curso nas corregedorias, desde que comprovadamente parados. O ministro afirmou que o conselho deve se limitar à chamada "atuação subsidiária".
Ministro Cezar Peluso e a corregedora do CNJ, Eliana Calmon, desentenderam-se sobre as atribuições do conselho
Em outras palavras, o que não pode é iniciar uma investigação do zero, fato permitido em resolução do CNJ, editada em julho deste ano, padronizando a forma como o conselho investiga, mas que foi questionada pela AMB (Associação dos Magistrados Brasileiros).
"A solução de eventual controvérsia entre as atribuições do Conselho e as dos tribunais não ocorre com a simples prevalência do primeiro, na medida em que a competência do segundo também é prevista na Constituição da República", diz o ministro em sua decisão. "A atuação legítima, contudo, exige a observância da autonomia político-administrativa dos tribunais, enquanto instituições dotadas de capacidade autoadministrativa e disciplinar."
Foi exatamente este assunto que colocou em lados opostos o presidente do CNJ, ministro Cezar Peluso, e sua corregedora, Eliana Calmon. O primeiro defendia exatamente a função subsidiária do conselho, enquanto a última afirmava ser fundamental a atuação "concorrente" e "originária".
Calmon chegou a dizer que o esvaziamento dos poderes do CNJ abriria espaço para os chamados "bandidos de toga".
A ação da AMB está na pauta do STF desde o início de setembro, mas os ministros preferiram não analisar o tema, exatamente por conta desta polêmica.
Como a última sessão do ano aconteceu durante a manhã e os ministros só voltam a se reunir em fevereiro, Marco Aurélio decidiu analisar sozinho uma série de pedidos feitos pela AMB (Associação dos Magistrados Brasileiros).
Além desta questão, o ministro também suspendeu mais de dez outras normas presentes na resolução do CNJ em questão. Entre elas, uma que permite a utilização de outra lei, mais dura que a Loman (Lei Orgânica da Magistratura Nacional), para punir magistrados acusados de abuso de autoridade.
Outra regra, que também foi suspensa, dava direito a voto ao presidente e ao corregedor do CNJ.

FELIPE SELIGMAN

PMs do Rio recebiam R$ 160 mil por mês do tráfico, diz delegado

O titular da Delegacia de Homicídios de Niterói (RJ), Alan Luxardo, disse na manhã desta segunda-feira que escutas telefônicas incriminam o comandante do 7º Batalhão da PM de São Gonçalo, tenente-coronel Djalma Beltrami, preso mais cedo sob acusação de tráfico de drogas e corrupção. Segundo o delegado, Beltrami e outros 12 PMs recebiam R$ 160 mil por mês do tráfico.
"Há fortes indícios da participação dele [comandante Beltrami] no esquema, só que no momento muita coisa deve ser mantida em sigilo para não atrapalhar as investigações. É certo que os policiais do GAT (Grupo de Ações Táticas) do batalhão recebiam quantias semanais pagas por traficantes da região. Esse valor chegava a R$ 160 mil mensais", disse o delegado.
De acordo com Luxardo, a investigação começou há sete meses, quando o tenente-coronel Cláudio Luiz Silva de Oliveira ainda estava à frente do comando. Há cerca de dois meses, Oliveira foi preso sob acusação de ser o mandante do assassinato da juíza Patrícia Acioli.
"Se comprovou que após a mudança no comando houve novo pagamento de propina com participação do coronel Beltrami", destacou o delegado Alan Luxardo.
Desde cedo, a corregedoria da PM e a CGU (Corregedoria Geral Unificada) cumprem os mandados de prisão referentes aos militares. No final da manhã, Beltrami prestava depoimento na Delegacia de Homicídios de Niterói. Ele foi preso preventivamente. A Polícia Civil informou que Beltrami nega as acusações.
Escutas telefônicas também apontam que traficantes foragidos do Complexo do Alemão atuavam no morro da Coruja, localizado em São Gonçalo. Eles seriam responsáveis pelo envio de drogas do Rio para a comunidade e favelas comandadas pela facção criminosa Comando Vermelho, na região dos Lagos.
Segundo investigações da Polícia Civil, ele recebia através de equipes do GAT (Grupo de Ações Táticas) propina de criminosos para não reprimir o tráfico de drogas.
Polícia do RJ faz operação contra PMs suspeitos de receber propina
Beltrami foi levado para a Delegacia de Homicídios de Niterói, também na região metropolitana. A Folha entrou em contato com a PM, mas ainda não obteve retorno.
A Polícia Civil ainda tenta prender outros policiais militares suspeitos de receber propina de traficantes. Ao todo, devem ser cumpridos 26 mandados de prisão, sendo 13 contra PMs.
A operação chamada Dezembro Negro começou após investigações sobre homicídios praticados por traficantes em São Gonçalo. Durante as investigações, foi descoberto o esquema de corrupção de PMs.

JUIZ

Beltrami assumiu o comando do 7º Batalhão após a saída do tenente-coronel Cláudio Oliveira, acusado há cerca de dois meses de ser o mandante do assassinato da juíza Patrícia Acioli.
O comandante também estava entre as equipe acionadas após o massacre na escola municipal Tasso da Silveira, em Realengo (zona oeste do Rio), em abril deste ano, quando um rapaz entrou na unidade e atirou contra diversas crianças e depois se matou. Doze pessoas morreram na ocasião.
Além da carreira na PM, Beltrami também exerceu a profissão de árbitro durante 20 anos. Conhecido nos gramados como "juiz linha dura", ele se despediu do cargo no primeiro semestre deste ano na decisão do Troféu Carlos Alberto Torres entre Madureira e Boavista.
Juiz da Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro desde 1989 e da CBF desde 1995, o tenente-coronel Beltrami também participou da retomada do Complexo do Alemão em novembro do ano passado.

MARCO ANTÔNIO MARTINS

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

CNTE vai ao planalto pedir solução para o impasse sobre o reajuste do piso

Uma comissão composta por dirigentes da CNTE, o Secretário de Articulação com os Sistemas de Ensino – SASE do MEC, Carlos Abicalil, o deputado José Guimarães (PT/CE), relator da Comissão de Finanças e Tributação da Câmara, e deputados da Comissão de Educação foi recebida na terça-feira (13) no Palácio do Planalto, pela Ministra de Relações Institucionais Ideli Salvatti, acompanhada pelo Secretário geral Gilberto Carvalho.
A comissão solicitou a interferência dos ministros no impasse criado pela alteração no texto do projeto de lei que fixa o modelo de reajuste do valor do piso salarial dos professores, feita na Comissão de Finanças da Câmara Federal. O texto, construído em comum acordo entre o MEC, Senadores, CNTE, Undime e Consed, já havia sido aprovado no Senado Federal.
A ministra Ideli e Gilberto Carvalho se prontificaram a levar os argumentos apresentados na reunião à presidenta Dilma e defender a manutenção do reajuste, conforme o texto aprovado pelos senadores. Para tanto, solicitaram ao MEC um levantamento para avaliar o impacto financeiro nos estados, caso seja mantido o projeto de lei aprovado no Senado, que fixa o índice de reajuste segundo a variação Fundeb dos anos anteriores e, na hipótese do índice ser menor que a inflação, pelo INPC. Uma nova reunião foi marcada para a tarde desta quinta-feira, dia 15.
Pelo projeto do Senado, o reajuste previsto do valor do piso para 2012 é de 22%. Com a mudança do texto na Comissão de Finanças, apenas o índice do INPC seria utilizado na definição do reajuste. Em 2012, esse índice será em torno de 6,5%.
O Secretário de Articulação com os Sistemas de Ensino – SASE do MEC, Carlos Abicalil, fez um histórico de todo o processo que resultou na proposta aprovada no Senado, e que teve a participação dos estados, dos municípios através da Undime, do governos e dos trabalhadores, representados pela CNTE.
Abicalil ressaltou que o uso da variação do Fundeb nos dois anos anteriores é um avanço e que, mantendo apenas o INPC como fator de reajuste, haverá dificuldades para cumprir os planos do próprio governo. "A mera reposição inflacionária contradiz o projeto do PNE em tramitação, proposto pelo próprio Executivo, que em dez anos prevê equiparar o rendimento médio dos professores com de outros profissionais de escolaridade equivalente", explicou o secretário.
Os diretores da Confederação enumeraram os prejuízos para a categoria e para a imagem do governo, caso o projeto seja aprovado, uma vez que compromete todo um esforço de valorização profissional dos professores brasileiros.
O presidente da CNTE, Roberto Leão, aproveitou para, mais uma vez, cobrar a instalação da uma mesa de negociação proposta pelo Presidente Lula durante a Conae, em abril de 2010, para resolver as diversas pendências do texto da lei. "Esperamos conseguir chegar a uma conclusão que possa satisfazer as nossas expectativas, e consigamos, a partir disso, ter uma mesa de negociação que definitivamente resolva o problema", afirmou Leão.
Milton Canuto, vice-presidente da CNTE, lembrou que o MEC disponibilizou R$1 bilhão de reais para complementação do valor do piso aos estados que comprovarem a incapacidade de pagamento. "O Fundeb foi criado para complementar o piso, mas até agora não foi usado um centavo. Sabe por que? Porque os estados não fazem o dever de casa e o dinheiro está lá parado".
O vice-presidente da Confederação afirmou que, do jeito que está, a proposta de reajuste aponta para uma situação insustentável para o que se espera da valorização da categoria. "Por exemplo, agora em 2012 nós teremos um reajuste, no mínimo, por volta de 14%. Se aplicar apenas o INPC, um professor de nível médio receberá uma diferença de apenas nove reais".
A secretaria geral da CNTE, Marta Vanelli, lembrou que as greves realizadas este ano em 16 redes estaduais para pedir o cumprimento do piso foram as paralisações mais longas e reprimidas dos últimos anos. "Foram greves para o cumprimento de uma lei que nós conquistamos no governo Lula. O que vai fazer os governadores cumprirem a lei é ter feito a tarefa de casa. É adequar os planos de cargos e salários e usar os 25% dos recursos que têm para a educação". Ela também cobrou o cumprimento do acordo feito em 2010 e aprovado no Senado, e salientou a urgência de se instalar a mesa de negociação proposta pelo ex-presidente Lula. "Temos que instalar nossa mesa de negociação, que nós cobramos em toda audiência que marcamos no Ministério da Educação. Nós estamos prontos para começar, mas até hoje não foi instalada", disse.

CNTE

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Mais do mesmo; mais com menos


Os países em crise na Europa procuraram comprar mais tempo na semana passada ao assumirem o compromisso de um rigor fiscal maior no futuro.
Esse foi o único ponto palpável da reunião de Bruxelas. De "histórico" mesmo, só o fato de o Reino Unido ter ficado de fora do acordo.
Os grandes problemas de curto e médio prazo continuam sem solução. É de se esperar novas turbulências nas próximas semanas.
No fim das contas, o BCE (Banco Central Europeu) não sinalizou que jorrará quantos euros forem necessários para rolar as dívidas que vencem em alguns países nos próximos meses.
Eles terão de continuar se financiando no mercado, que está se fechando para grandes economias como Espanha e Itália.
Com 2011 chegando ao fim, os mercados já estão de olho nas dificuldades dos países mais encrencados na zona do euro de se financiarem no ano que vem.
Neste ano, chegou a US$ 10,4 trilhões a necessidade de financiamento dos países ricos, segundo estimativa da OCDE (Organização de Cooperação e de Desenvolvimento Econômico). Para 2012 será necessário um montante ainda maior.
Como parâmetro, esses mesmos membros da OCDE (34 países) tinham uma necessidade anual de financiamento de pouco mais de US$ 5 trilhões em 2005.
O endividamento estatal aumentou rapidamente a partir de 2008/09, quando os governos adotaram uma série de medidas para socorrer suas economias em crise.
Alemanha e, em menor grau, França continuam se opondo a assumir boa parte da conta do refinanciamento dos países mais vulneráveis nessa crise.
O maior rigor fiscal acenado pela região pretende dizer: "calma, pois haverá economia de recursos para pagar dívidas no futuro".
O problema é que, como se vê, os mercados não têm esperado para ver.
Enquanto a Europa se debate em seus problemas, as maiores companhias americanas estão reforçando rapidamente seu caixa. Algo que pode dar novo fôlego aos EUA e à economia mundial.
O quadro mostra como andam os ganhos das companhias que compõem o índice de ações S&P 500. Note-se que elas praticamente retomaram seus níveis de lucratividade pré-crise. Isso em menos de 30 meses.
O outro lado dessa moeda é o desemprego norte-americano, em 8,6% e muito elevado há três anos.
São as empresas ganhando mais com menos.

Fernando Canzian

Sombra!



Blog Josias de Souza

Com a História não se brinca

A história é feita de leituras e releituras do passado. Longe de ser uma área estática do conhecimento, se constrói constantemente a partir de perguntas e preocupações dos homens do presente.
A principal riqueza da narrativa histórica está em sua abertura a novas interpretações, principalmente quando à luz de pesquisas e fatos descobertos que ajudem a iluminar os acontecimentos.
A expressão revisionismo histórico, na Argentina, possui uma peculiaridade, ligada à relação do conhecimento popular com a trajetória dos partidos e de um vínculo ideologizado com o passado que faz parte da cultura local.
Se no Brasil o cidadão médio conhece, em geral, muito pouco a história de nosso país, na Argentina acontece o contrário. O que é algo louvável sem nenhuma dúvida. Só que esse conhecimento é tão passional e visceral que chega a ser violento em alguns casos.
No final de novembro, a presidente Cristina Kirchner criou por decreto um instituto destinado a reescrever a história oficial de acordo com o revisionismo histórico à argentina.
Trata-se do Instituto Nacional de Revisionismo Histórico Argentino e Iberoamericano Manuel Dorrego. Segundo o que foi divulgado, entre seus principais objetivos está o de reforçar e divulgar uma concepção da história desde um ponto de vista "nacional, popular e federal".
Antes de cair em cima da decisão de Cristina, é preciso primeiro lembrar que tal corrente de pensamento não é nova. Está longe de se tratar de uma invenção de Cristina.
Resumidamente, até finais do século 19, a Argentina viveu dividida entre grupos políticos que ou defendiam ideias liberais de progresso, inspiradas principalmente no modelo norte-americano, ou que acreditavam que a fonte de poder local, a dos caudilhos, era a mais legítima e eficiente.
Com os governos dos presidentes Bartolomé Mitre (1862-1868), Domingo Faustino Sarmiento (1868-1874) e Julio Roca (1880-1886 e 1898-1904), o primeiro grupo prosperou. A Argentina cresceu, entrou no mercado internacional como exportador de alimentos e incorporou imigrantes à sua sociedade.
Nos anos 30 do século 20, houve uma primeira iniciativa para resgatar líderes considerados então verdadeiramente nacionalistas e patriotas.
Os nomes mencionados acima foram demonizados, e passou-se a celebrar Juan Manuel de Rosas, governador autoritário que a partir da província de Buenos Aires mandou em toda a Argentina, contando com o apoio dos caudilhos do interior (de 1829 a 1832 e de 1835 a 1852). Rosas seria, para esses nacionalistas, um defensor da soberania nacional porque de fato defendeu a Argentina de invasões estrangeiras.
Depois, no governo de Juan Domingo Perón dos anos 40/50, houve uma segunda retomada dessa onda nacionalista, dessa vez preocupada em resgatar o popular. Nela, o caudilho era visto como o governante que mais vínculo natural teria com a população.
Durante a gestão de Carlos Menem, nos anos 90, a figura do caudilho também foi elevada. O então presidente mandou buscar os restos de Rosas, que morreu no exílio, na Inglaterra, e construiu uma estátua em sua homenagem diante do local onde está uma de Sarmiento esculpida por Auguste Rodin, nos Bosques de Palermo.
Nesse meio tempo, a história tida como "liberal" continuou sendo muito reconhecida, principalmente nos meios intelectuais e universitários. Mitre, além de primeiro presidente do país unificado, é tido como um dos precursores da história em seu país, com sua biografia do prócer da independência San Martín.
Sarmiento também é muito celebrado, até por opositores, como o fundador do projeto de educação massiva que ainda mantém o país entre os mais avançados do continente nessa área.
Os nacionalistas veem Mitre e Sarmiento como reféns da oligarquia, subservientes a forças estrangeiras. Já Roca é demonizado como grande comandante da Campanha do Deserto. Nesse caso, com bastante razão, pois a empreitada de conquista do interior gerou um verdadeiro genocídio dos povos indígenas.
A iniciativa de Cristina com seu instituto, agora, seria então mais uma tentativa de opor a história "liberal" à história "popular", reivindicando como heróis os protagonistas desta segunda, e como bandidos os da primeira.
Todos esses homens, as batalhas que empreenderam e decisões políticas que tomaram são passíveis de discussão, novas investigações e releituras. Nenhum historiador sério concordaria com a ideia de colocar um ponto final na pesquisa de algum tema, qualquer que seja.
O que é equivocado por parte da decisão do governo de Cristina é justamente institucionalizar uma certa visão da história e legitimá-la como "oficial".
Ao adotar como política de Estado uma leitura da história que demonize a colaboração de próceres considerados "liberais" e "estrangeirizantes" em detrimento dos que se têm como "nacionais" e "populares", o instituto está claramente construindo um caminho para a canonização de Néstor Kirchner (1950-2010) e, por que não, também da própria Cristina em algum momento.
Em defesa do instituto, Pacho O'Donnell, encarregado de tocar o projeto, disse que o governo não interviria em linhas de pesquisa: "A única intervenção foi institucionalizar uma corrente de pensamento". Não percebeu, aparentemente, que é justamente esse o problema.
Além disso, apoiar esse tipo de leitura vai de encontro a uma discussão historiográfica já superada a nível mundial.
Trata-se de uma história maniqueísta, em que há "bandidos" e "mocinhos", e na qual se enaltecem os heróis. Uma das contribuições da Nova História francesa foi justamente a de propor uma alternativa à história baseada na celebração de datas de batalhas e em biografias de personagens, pregando um conhecimento mais ampliado, uma análise do contexto que condicionou distintas manifestações e comportamentos.
Não é fácil entender a relação que os argentinos têm com seu passado. O culto aos ícones muitas vezes opaca a visão crítica sobre o que passou. E o apego a um partido, especialmente ao peronista, leva a dividir os personagens entre "bons" e "maus", quando a história é algo um tanto mais complexo.
Ainda assim, é de se admirar o conhecimento médio que todos por aqui têm do passado argentino. É uma riqueza cultural que atravessa classes sociais e faixas salariais.
O Brasil, neste quesito, está muito longe de seu vizinho. Não se discute e não se briga como aqui, é verdade, mas a razão é triste, simplesmente porque os brasileiros, em geral, não conhecem seu passado.

Sylvia Colombo

Mágica!



Blog Josias de Souza

Dilma aceita pagar mais para aprovar fundo dos servidores


O governo Dilma Rousseff aceita elevar a contribuição da União para o futuro fundo de previdência complementar dos servidores públicos a fim de aprovar o novo modelo de aposentadoria do setor, informa reportagem de Valdo Cruz e Maria Clara Cabral, publicada na Folha desta terça-feira (a íntegra está disponível para assinantes do jornal e do UOL, empresa controlada pelo Grupo Folha, que edita a Folha).
Segundo a Folha apurou, acordo negociado com a equipe econômica prevê que a alíquota a ser paga pelo Tesouro e servidores iria dos 7,5% propostos originalmente pelo governo para 8%.
O governo federal estima economizar R$ 20 bilhões, a partir de 2070, caso o Congresso aprove projeto que cria o fundo de previdência complementar do servidor público.
O número leva em conta o crescimento da economia de 4% ao ano e corresponderá a 0,40% do PIB (Produto Interno Bruto).
Atualmente, segundo dados do governo, as despesas da União com os servidores aposentados civis correspondem a 0,45% do PIB e devem chegar a seu ápice em 2030, com gastos de cerca de 0,70% do PIB. A partir de 2040, no entanto, as contas começarão a zerar, chegando a esta economia de R$ 20 bilhões em 2070.

Valdo Cruz e Maria Clara Cabral

Copa deve mudar férias escolares em 2014


O início do ano letivo de 2014 e as férias escolares do meio do ano deverão ser antecipadas para que alunos de colégios públicos e privados estejam liberados durante a Copa do Mundo, que começa em 12 de junho, informa reportagem de Filipe Coutinho, publicada na Folha desta terça-feira (a íntegra está disponível para assinantes do jornal e do UOL, empresa controlada pelo Grupo Folha, que edita a Folha).
A proposta será apresentada hoje à comissão especial criada na Câmara para discutir a Lei Geral da Copa.
Pelo texto, o semestre escolar deve começar em 20 de janeiro e acabar até 10 de junho as aulas retornariam em 21 de julho.
A mudança do ano letivo faz parte da série de medidas alternativas que o governo deve pôr em prática para evitar um colapso no transporte público e ainda será discutida no Ministério da Educação e nos Estados.

Folha de São Paulo

domingo, 11 de dezembro de 2011

Bimbalham os sinos de novo

Como já disse aqui certa vez, adoro odiar o Natal. Não o Natal em si, a data, mas tudo o que gira em torno de fim de ano: excesso de compras, excesso de trânsito na cidade, excesso de "caridade", excesso de coisas que se tem de fazer para "entrar no clima"; excessos, enfim.
Como não odiar o excesso das cores escolhidas para iluminar as árvores das principais avenidas de São Paulo, por exemplo, com seu azul luz-negra puteiro, o verde-limão caipirinha, o amarelo fogo de chão e o vermelho vergonha alheia?
E do jeito que vai a falta de vergonha das pessoas que decidem o tamanho da iluminação das fachadas dos prédios, cada vez maior, mais desproporcional e mais ostensiva, daqui a uns dois natais será preciso mais que uma Belo Monte para sustentar tanto desperdício de energia elétrica.
Trânsito caótico, compras frenéticas, necessidade de agradar este e aquele que não se quer, mas nesta época do ano você "precisa" pelo menos dar uma lembrancinha... É de odiar, não?
E as festinhas de amigo secreto que reúnem um monte de inimigo explícito? Ninguém queria estar ali, mas sempre tem aquela animada de oliveira que faz questão de organizar o encontro em que gente que mal se falou durante o ano é obrigada a trocar gentilezas e presentinhos sem graça. Esta semana mesmo vi um amigo secreto num restaurante (no restaurante é pior ainda...) em que o clima estava mais para velório do que para fim de ano.
E a hipocrisia campeia solta nesta época, argh! Ontem mesmo a vizinha do 16º, que nunca olha na cara da gente, já estava toda sorridente, desejando "boas festas" para quem encontrasse pela frente...
Tudo isso é muito chato, não?
Mais chato ainda é gente que fica reclamando do Natal. Ah, isso é demais...
Mesmo porque não adianta nada, todo ano volta, todo ano é a mesma coisa.
Aliás, já tirei a decoração da caixa e preciso sair para comprar a bendita árvore de Natal.
E o pinheiro natural este ano está custando os olhos da cara...

Luiz Caversan

Adaptação natalina!



Blog Josias de Souza

China pede para ser reconhecida como economia de mercado

O presidente da China, Hu Jintao, pediu neste domingo que o mundo reconheça o país plenamente como economia de mercado e relaxe as restrições na exportação de alta tecnologia ao país, durante um discurso para comemorar o décimo aniversário do ingresso de Pequim na Organização Mundial do Comércio (OMC).
Hu ressaltou que a entrada da China no bloco, a sexta maior economia mundial em 2001 e segunda na atualidade, "foi um marco no processo de reforma e abertura" do regime comunista, iniciando "uma nova etapa histórica" para a potência asiática.
No discurso, o líder destacou que o país continuará a reforma e abertura de sua economia e porá em prática estratégias mais ativas para promover os intercâmbios com o resto do mundo.
A China ingressou na OMC no dia 11 de dezembro de 2001, o mesmo dia em que também o fez seu histórico rival Taiwan, e após um árduo processo de 15 anos de negociações.

EFE

Visita da morte!



Blog Josias de Souza

França rejeita injetar dinheiro em bancos e nega recessão


Em entrevista à TV, a ministra do Orçamento da França, Valérie Pécresse, disse neste domingo que o governo confia na capacidade de os bancos franceses atingidos pela crise se recapitalizarem sozinhos, e que o Estado não injetará recursos nestas instituições. Ela manteve ainda a previsão de crescimento econômico de 1% para 2012 e negou que o país esteja em recessão, mas assinalou que Paris estabeleceu uma reserva de € 6 bilhões para enfrentar uma expansão de apenas 0,4%.
"Acreditamos que a necessidade de financiamento dos bancos não é tão grande como se não pudessem enfrentá-la", declarou a ministra.
Em entrevista à TV, ministra do Orçamento, Valérie Pécrasse, disse que Paris não vai injetar dinheiro em bancos franceses
"Os bancos franceses podem ser recapitalizados em até € 7 bilhões, aproximadamente, com seus próprios fundos e seus próprios benefícios. O Estado não colocará dinheiro nos bancos franceses", disse.
Ela considera uma "boa notícia" que os bancos tenham esta capacidade.
As declarações chegam três dias após a Autoridade Bancária Europeia (EBA) ter revisado para baixo o valor de que os bancos franceses necessitam para se recuperarem da crise, de € 8,8 bilhões para € 7,3 bilhões.
Pouco depois, o diretor do Banco da França, Christian Noyer, também estimou que as instituições financeiras francesas poderão se recompor da turbulência "sem problemas".

CRESCIMENTO

Comentando as estimativas para o desenvolvimento da economia francesa no ano que vem, a ministra do Orçamento manteve neste domingo a previsão de crescimento econômico de 1% para 2012, mas assinalou que seu governo estabeleceu uma reserva de 6bilhões de euros para enfrentar uma expansão de apenas 0,4%.
Pécresse negou que a França esteja em recessão, disse que a situação do país é de "crescimento muito desacelerado" e destacou que, de qualquer maneira, "temos um objetivo de recuperação das contas públicas".
Ela ressaltou que a França respeitará a meta de terminar este ano com um déficit de 5,7% do Produto Interno Bruto (PIB).
Quanto a 2012, a ministra assinalou que, mesmo que se cumpram as previsões de alguns institutos que calculam uma progressão do PIB limitada em torno de 0,5%, elas entrariam dentro da margem estabelecida pelo Executivo, que congelou 6 bilhões de euros em seu orçamento.
"Aconteça o que acontecer, cumpriremos em 2012 (com os planos de corte do déficit)", garantiu Pécresse.

ACORDO DA UE

Na sexta-feira a França e a Alemanha obtiveram sucesso durante uma reunião da UE em Bruxelas ao atingirem um acordo com os países-membros do bloco para um pacto fiscal --sem o apoio do Reino Unido.
Os líderes europeus chegaram a um consenso para reforçar a disciplina fiscal da zona do euro, com o objetivo de salvar a moeda única, mas fracassaram em incluir tal objetivo no Tratado dos 27, devido à oposição do Reino Unido.
Os europeus também anunciaram sua intenção de reforçar os recursos do Fundo Monetário Internacional (FMI) em até € 200 bilhões para que possa ajudar a zona do euro.
O primeiro-ministro britânico, David Cameron, se negou categoricamente na quinta-feira a aceitar a reforma dos tratados proposta pelo eixo franco-alemão para evitar um endurecimento da regulação sobre o setor financeiro de Londres.

AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS