quinta-feira, 30 de junho de 2011

Fusões alimentícias!



Blog de Josias de Souza

Previsões de especialistas, ou o engodo em que queremos acreditar

A mídia nos bombardeia diariamente com as previsões de especialistas sobre o futuro da Grécia, do euro, da economia americana, sobre o preço do petróleo e o comportamento das Bolsas, para citar uns poucos temas candentes. Esses experts mais erram do que acertam, mas nem por isso deixamos de recorrer a eles sempre que o horizonte se anuvia. Como explicar o paradoxo?
Uma boa tentativa é o recém-lançado 'Future Babble" (balbucio sobre o futuro), do escritor e jornalista Dan Gardner. A obra, que tem como subtítulo "por que as previsões de especialistas são quase inúteis, e você pode se sair melhor sozinho", recorre a um gostoso e informativo "blend" de estatística, física e psicologia para explorar o tema.
As passagens mais divertidas do livro são sem dúvida aquelas em que o autor mostra, com exemplos e pesquisas científicas, quão precária é a previsão econômica e política.
Um caso emblemático é o do professor de Stanford Paul Ehrlich, que, em "A Bomba Populacional", seu best-seller de 1968, escreveu: "A batalha para alimentar toda a humanidade acabou. Nos anos 70, o mundo passará por grandes fomes --centenas de milhões de pessoas morrerão de inanição". Um confronto da previsão com os fatos mostra que, entre 1961 e 2000, a população mundial dobrou, e a quantidade de calorias "per capita" aumentou em 24%.
Ehrlich é peixe pequeno? Num célebre discurso de 1977, o então presidente dos EUA, Jimmy Carter, ancorado nos conselhos dos principais experts do planeta, conclamou os americanos a reduzir drasticamente a dependência de petróleo de sua economia, porque os preços do hidrocarboneto subiriam e jamais voltariam a cair, o que inevitavelmente destruiria o "american way". Oito anos depois, as cotações do óleo despencaram e permaneceram baixas pelas duas décadas seguintes.
OK. Um cético pró-especialistas sempre pode alegar que Gardner está escolhendo de propósito alguns exercícios de futurologia que deram errado apenas para ridicularizar a categoria toda. Para refutar essa objeção, vamos conferir algumas abordagens mais sistemáticas do problema.
Em 1984, a revista britânica "The Economist" pediu a 16 pessoas que fizessem previsões sobre taxas de crescimento, câmbio, inflação e outros dados econômicos. Quatro dos entrevistados eram ex-ministros de Finanças; quatro eram presidentes de empresas multinacionais; quatro, estudantes de economia de Oxford; e quatro, lixeiros de Londres.
Uma década depois, as predições foram contrastadas com a realidade e classificadas pelos níveis de acerto. Os lixeiros terminaram empatados com os presidentes de corporações em primeiro lugar. Em último ficaram os ministros --o que ajuda a explicar uma ou outra coisinha sobre governos.
Em 1999, a hoje extinta revista "Brill's Content" comparou as previsões políticas de dois "pundits" da TV com as de um chimpanzé chamado Chippy, treinado para sortear cartões. Chippy acertou 50% de seus prognósticos, contra 33% e 47% de seus adversários.
O golpe de misericórdia contra os especialistas veio em 2005, quando o psicólogo Philip Tetlock publicou seu estudo clássico sobre o tema, no qual coletou durante 20 anos cerca de 28.000 previsões acerca da economia e de eventos políticos feitas por 284 experts em diversos campos e de diversas orientações políticas. A conclusão básica é que eles se saíram milimetricamente melhor do que o acaso.
O mais interessante, porém, foi constatar que os futurólogos mais veementes foram os que mais feio fizeram. Entre estes, os otimistas se dão ligeiramente melhor que os pessimistas. Os primeiros atribuíram uma probabilidade de 65% para cenários róseos que se materializaram em apenas 15% da ocasiões. Já os apocalípticos atribuíram 70% de probabilidade para desfechos sombrios, que só aconteceram em 12% das situações.
Os especialistas que conseguiram bater a média do grupo e superar os 50% de acerto esperados pelo livre-chutar foram os que coletavam suas informações em múltiplas fontes e chegavam a desconfiar de suas próprias previsões.
A razão para tantas dificuldades em adivinhar o futuro é de ordem física. Nós nos habituamos a ver a ciência prevendo com enorme precisão fenômenos como eclipses e marés. Só que esses são sistemas lineares ou, pelo menos, sistemas em que dinâmicas impostas pelo caos podem ser desprezadas. E, embora um bom número de fenômenos naturais seja linear, existem muitos que não o são. Quando o homem faz parte da equação, pode-se esquecer a linearidade.
A analogia que cabe aqui é com a previsão meteorológica. Os modelos funcionam bem para um período de 24 horas. Se queremos um prognóstico para dois dias, o índice de acerto cai consideravelmente. Previsões para mais de duas semanas já são completamente inúteis.
Se assimilássemos bem essa lição, só levaríamos minimamente a sério experts que expressassem suas previsões na forma 'há x% de probabilidade de que o cenário y se materialize'. O histórico de acertos (quando o x% de probabilidade de fato ocorre em x% das previsões) é que faria o bom ou o mau nome do especialista.
No mundo real, porém, não é o que acontece. A mídia e o público valorizam mais os peritos que têm mais certezas, mesmo que isso vá contra os fundamentos da epistemologia. Não importa muito que esses experts sejam justamente os que mais erram. Ninguém exceto Tetlock mantém uma contabilidade mesmo. Aqui, saímos do reino da física para entrar no da psicologia.
Uma das mais importantes descobertas da neurociência é que boa parte de nossas decisões são tomadas não pelo que nos acostumamos a chamar de razão, mas por sistemas não conscientes que atuam quase que instantaneamente, com base em inclinações, gostos ou hábitos.
A maioria das pessoas tem posição quase instintiva sobre o aborto, por exemplo. É só depois que a razão entra para tentar justificar com argumentos a preferência inicial.
É claro que podemos acabar modificando, através de raciocínios lógicos e evidências, nossas posições naturais. Mas, mesmo assim, algo delas fica. Isso é demonstrado de forma escatológica por experimentos nos quais pessoas se recusam a beber num penico, mesmo que ele seja novo ou tenha sido totalmente esterilizado, ou a comer doces que imitam o formato de fezes.
Não é só. Nossos cérebros também trazem de fábrica alguns vieses que tornam nossa espécie presa fácil para adivinhos. Procuramos tão avidamente por padrões que os encontramos até mesmo onde não existem. Temos ainda compulsão por histórias, além de um desejo irrefreável de estar no controle.
Assim, alguém que ofereça numa narrativa simples e envolvente uma explicação sobre o mundo já estará apelando a várias de nossas preferências inatas. Se esse modelo trouxer ainda a perspectiva de predizer o futuro, vendê-lo a incautos é quase tão fácil quanto roubar doce de criança. Não é por outra razão que oráculos, profecias e augúrios estão presentes em quase todas as religiões.
Como diz Gardner, "vivemos na Idade da Informação, mas nossos cérebros são da Idade da Pedra". Eles não foram concebidos para processar probabilidades, frequências relativas e o papel do acaso, que estão no cerne do conhecimento científico atual. Nós continuamos a tratar as falas dos especialistas como se fossem auspícios divinos. Como não poderia deixar de ser, frequentemente quebramos a cara.

Hélio Schwartsman

Milagre tecnológico de Israel

"A primeira geração de israelenses chegou ao país para plantar laranjas em kibutz (comunidade agrícola). A geração atual exporta tudo quanto é produto de alta tecnologia."
Assim resumiu um israelense a trajetória de Israel.
Como bem mostra o ótimo livro de Dan Senor e Saul Singer, "Start-up Nation: The Story of Israel's Economic Miracle", a mistura única de condições adversas, investimentos militares que "vazam" para o setor privado, altíssimo número de imigrantes e ênfase em educação transformaram Israel em uma nação de empreendedores. O país tem o maior número de chamadas "start-ups" per capita.
Algumas das coisas que foram inventadas em Israel, que pouca gente sabe:
Pillcam: uma micro-câmera, do tamanho de uma pílula, que é engolida pelo paciente e filma os intestinos, por exemplo, para exames médicos. A cápsula transmite 2600 imagens coloridas para um equipamento que fica na cintura do paciente.
Tomate cereja: foi "inventado" por cientistas da Universidade Hebraica em 1973. A ideia era chegar a tomates menores, que amadurecessem mais devagar, para se adaptar ao clima seco e quente de Israel.
Irrigação por gotejamento: um dos maiores avanços da agricultura, criado em um kibutz no fim dos anos 60
Pen drive: sim, foram os israelenses que acabaram com os desajeitados floppy disks, os disquetes, lembra?
"A engenhosidade é o motor da sociedade israelense", disse-me em português perfeito o embaixador Yosef Livne, coordenador de assuntos brasileiros no Ministério das Relações Exteriores do Brasil. "Em um país que basicamente não tem nenhum recurso natural, o único recurso é o engenho da população", disse Livne, que já foi embaixador em El Salvador e no México, e serviu no Brasil nos anos 80.
Outro traço que ajuda a fazer de Israel a nação start-up é o fato de os israelenses serem inquisitivos, acha Livne. "Os israelenses sempre duvidam, questionam, não aceitam nada."
Livne vê nos brasileiros muito do engenho do povo israelense, apesar da abundância de recursos do Brasil.
PS: Estou em Israel a convite do governo israelense, em uma das viagens que vários países organizam para fazer relações públicas com jornalistas. Amanhã vou a Ramallah, na Cisjordânia, para ver de perto o outro lado da história, se é que podemos assim caracterizá-lo.
Falo aqui dos aspectos econômicos de Israel, sem entrar no mérito de seu conflito com os palestinos. Sobre isso, admito, ainda não tenho informação suficiente para me posicionar de forma responsável.

Patrícia Campos Mello

Entre na loja e ganhe dinheiro

Cada vez mais pessoas fazem compra na internet. A prática muda o perfil do mercado de trabalho, ao tirar consumidores das lojas, gerando desemprego. E se você ganhasse dinheiro apenas para entrar na loja, mesmo sem comprar nada? E se ganhasse ainda mais dinheiro se manuseasse os produtos?
É exatamente isso que está fazendo uma experiência tecnológica nos Estados Unidos para atrair consumidores. É um aplicativo (o detalhamento, com um vídeo explicativo, está no www.catracalivre.com.br) para celular chamado Shopkick. Basta entrar na loja, e o celular emite pontos para o indivíduo. Quanto mais ele manuseia produtos, mais pontos ele ganha.
No final, ele troca seus pontos, convertidos nos mais diferentes produtos de uma série de lojas.
São invenções como essa que vão redefinir como será o mercado de trabalho e quem consegue ou não vencer no mundo dos negócios.
Não é à toa que vejo aqui nos Estados Unidos como o vendedor especializado está cada vez mais cobiçado, já que serve quase como um consultor, servindo como diferencial com a frigidez online.

Gilberto Dimenstein

Dói só quando respira

A gente respira mal no inverno por causa do carro. Nosso carro é nossa asma. Respirar é viver. A poluição do ar ganha destaque porque o número de carros nos grandes centros urbanos cresce irracionalmente. Com mais de sete milhões, a frota de São Paulo aumenta cerca de 1000 veículos por dia. Sem cessar.
No inverno, a umidade do ar diminui e ocorre a inversão térmica. Uma camada de ar frio impede a dispersão dos poluentes na atmosfera. Sem vento e sem chuva, a concentração de poluentes, como o monóxido de carbono, atinge níveis prejudiciais à saúde. É quando aumenta consideravelmente a incidência de doenças respiratórias.
Material particulado, conhecido como fuligem, são partículas sólidas emitidas por fontes poluidoras. As partículas mais finas são as piores. Em São Paulo, a maior parte vem das emissões dos veículos.
Muito ruim. Mas o ozônio é ainda pior. O ozônio é um dos poluentes que mais contribui para os baixos índices de qualidade do ar. Mas não é a camada de ozônio que protege contra a radiação solar? Como o colesterol, há o ozônio bom e o ruim. O ozônio bom é aquele que se encontra numa faixa da atmosfera entre 25 e 35 km de altitude. Na estratosfera, está a camada de ozônio bom. Lá ela assume a função de 'filtro solar', bloqueando raios ultravioletas do Sol que podem causar doenças graves de pele.
Contudo, há o ozônio encontrado na faixa de ar próxima do solo, chamada de troposfera. É aí que o ozônio é problema. Ao estar presente no ar que respiramos, o gás causa sérios problemas de saúde, além de contribuir para o aquecimento global. Seu controle é um grande desafio, pois aqui na troposfera, o ozônio é um poluente secundário. Ele é formado por reações químicas que ocorrem a partir da emissão de outros dois tipos de gases (óxidos de nitrogênio e compostos orgânicos voláteis), na presença de radiação solar.
Esses gases são emitidos por veículos. Outra vez, o vilão é o carro. Portanto, para atacar o problema, é necessário substituir o carro e reduzir o tempo de viagem.
A elevação das concentrações de ozônio ocorre especialmente em dias ensolarados.
Tem solução? Sim. Já estão em vigor leis que controlam o nível de emissão de poluentes, como a inspeção veicular. A partir de 2012, haverá um controle dos motores a diesel e a cobrança por uma melhor qualidade dos combustíveis.
O diesel comercializado hoje é o S-500 (500 partes por milhão de enxofre). O diesel mais limpo, o S-50, ou seja, volume de enxofre dez vezes menor, já é exigência. A questão é que as políticas de redução de emissão precisam ser coordenadas. Não adianta exigir diesel mais limpo, se os postos não querem comercializá-lo. Enquanto não houver acordo, o consumidor terá dúvidas em adaptar o seu carro.
A principal política é a urgência em reduzir a quantidade de carros. O incentivo para a compra de carros e motos prioriza o transporte individual. O investimento em transporte público deve ser drástico. O Brasil precisa saber o que quer.
Medidas individuais são importantes, mas o poder público aumentar brutalmente o transporte coletivo é a revolução. Em São Paulo, podemos implantar Zonas de Baixa Emissão, como já existe em Londres e em muitas cidades alemãs. Por essas zonas somente circulariam veículos identificados por um selo que atesta padrões de baixa emissão. Com emissão média, pagam uma taxa para circulação. Veículos com alta emissão são proibidos nessa área da cidade. Além de evitarem a poluição, as Zonas de Baixa Emissão induzem o consumidor a priorizar modelos menos poluentes na hora da compra.
A chave do sucesso é a mudança de atitude. Nosso comportamento atual dói sempre que respiramos.

José Luiz Portella

Ameaça infecta mais de 4,5 milhões de computadores

Uma ameaça virtual atacou mais de 4,5 milhões de computadores somente nos primeiros três meses de 2011, segundo Sergey Golovanov, pesquisador de segurança da Kaspersky. Quase um terço deles está localizado nos Estados Unidos.
Com o nome de TDL-4, trata-se de um botnet, um grupo de máquinas infectadas por programas maliciosos que são mobilizadas para executar tarefas como o envio de spam e o roubo de informações pessoais dos usuários.
Apelidado de "botnet indestrutível", a ameaça usa diversos métodos para fugir da detecção das ferramentas de segurança, segundo o pesquisador.
O TDL-4 começou a atingir computadores em 2008 e, por ser difícil de ser detectado, seguiu expandindo sua quantidade de máquinas dominadas.

Folha de São Paulo

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Cordel Encantado desta quinta-feira


Em Cordel Encantado, novela da Rede Globo, resumo do próximo capítulo 70, quinta-feira, 30 de junho – Herculano repreende Cícero e Jesuíno por deixarem o acampamento. Filó conta para Antônia que viu Cícero. Inácio confessa a Miguézim que sente falta de Antônia. Úrsula se compromete a ajudar Virtuosa e Euzébio a se portar no baile, mas arma contra eles. Doutor Sergio fica comovido com a forma com que Inácio trata os necessitados em Vila da Cruz. Penélope se recusa a divulgar a inauguração do gerador. Quiquiqui canta para Téinha a prosa escrita por Setembrino. Neusa questiona as histórias de Farid. Bel convida Penélope para sair. Miguézim afirma que Açucena não pode ser coroada e observa a tiara que Augusto pretender dar a ela. Euzébio diz à filha que eles precisam recuperar a medalhinha que ela vendeu. Augusto vê Janaína usando uma medalha de um membro da corte. Dora convida Jesuíno para ir à inauguração da casa de forró. Petrus decide ir ao baile. Úrsula garante a Timóteo que entregará Açucena para ele.

Mas já? Por que eu?



Blog de Josias de Souza

Juiz ordena que Senado e União cortem supersalários


A Justiça Federal determinou que a União e o Senado cortem os supersalários pagos a servidores públicos, informa reportagem de Andreza Matais e Nádia Guerlenda Cabral, publicada na Folha desta quarta-feira (íntegra disponível para assinantes do jornal e do UOL, empresa controlada pelo Grupo Folha, que edita a Folha).
O juiz Alaôr Piacini, do Distrito Federal, aceitou os argumentos do Ministério Público, que considera inconstitucional a exclusão de algumas verbas do cálculo do teto de R$ 26,7 mil do funcionalismo (valor do salário de um ministro do STF), conforme revelou
a Folha no último dia 11 de maio.
Todos os órgãos públicos são obrigados por lei a cortar os salários que ultrapassam o dos ministros do STF, mas cada Poder adota um critério para definir quais vantagens e adicionais podem ser excluídos do cálculo do teto.

Andreza Matais e Nádia Guerlenda Cabral

Parlamento grego aprova pacote de austeridade


O Parlamento grego aprovou nesta quarta-feira um amplo pacote de medidas de austeridade que prevê arrecadar 28 bilhões de euros (R$ 63 bilhões) com cortes de gastos e aumento de impostos até 2015, em contrapartida a nova ajuda financeira da União Europeia e do Fundo Monetário Internacional (FMI).
A aprovação era esperada pelo mercado financeiro, em especial o europeu, que acompanhou o voto com atenção e preocupação --caso as medidas não fossem aprovadas, a Grécia não receberia o dinheiro necessário para evitar um calote da dívida que afetaria toda a zona do euro e que poderia chegar tão cedo quanto mês que vem.
Manifestantes usam bandeira grega em protesto contra medidas de austeridade aprovadas no Parlamento
Segundo a rede de TV CNN, o pacote foi aprovado com 155 votos a favor, 138 contra e 7 abstenções ou faltas. O governo precisava de uma minoria simples, de 151 dos 300 votos da Casa.
O pacote era defendido há meses pelo governo, que enfrentou greve geral, manifestação e violência nas ruas de Atenas contra os novos cortes.
O premiê grego, Giorgios Papandreou, se comprometeu nesta quarta-feira a fazer todo o possível para evitar o impacto da dívida do país.
"Não há plano B para salvar a Grécia", insistiu Papandreou na tribuna do Parlamento. "Faremos tudo para evitar ao país o que supõe a bancarrota", declarou, ao recordar o risco de que, neste caso, não poderiam ser pagos salários ou aposentadorias.
A maioria governamental se viu escorada pela deserção de uma deputada da conservadora Nova Democracia, que abandona a disciplina de partido e votará a favor do plano de ajuste. A isso se une a mudança de opinião de um dos deputados dissidentes da formação governamental socialista.
"A votação é crucial para o futuro da Grécia e da Europa, e não posso assumir a responsabilidade que meu país empobreça nem a derrubada da UE", afirmou o deputado Thomas Rombopoulos durante o debate parlamentar prévio à votação.
O plano de austeridade proposto pelo governo socialista inclui privatizações, novos impostos sobre renda e propriedades e cortes de salários e aposentadorias --incluindo 6,5 bilhões de euros em aumentos de impostos e cortes de gastos estatais ainda neste ano.
Está prevista também a redução da força de trabalho do setor público em 25%, ao mesmo tempo que será elevada a 40 horas semanais a carga de trabalho e serão estipulados novos contrato com um salário mínimo de 500 euros mensais.
A Grécia, uma das mais afetadas pela crise da dívida europeia, já recebeu em 2010 um pacote de resgate de US$ 160 bilhões da União Europeia e do FMI. O país, contudo, não conseguiu cumprir as metas fiscais previstas.
O pacote de austeridade era exigido pelos europeus em troca da quinta parcela do primeiro pacote (de 12 bilhões de euros previsto para julho) e do novo pacote de resgate, que deve ultrapassar os US$ 100 bilhões.

AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Genes associados à magreza podem levar a problemas no coração


Genes que estão associados a pessoas magras têm ligação com problemas cardíacos e diabetes tipo 2, condições que normalmente são vinculadas ao excesso de peso.
A associação entre as variantes genéticas e as doenças se mostrou mais frequente entre homens segundo o estudo feito pelo Conselho de Pesquisa Médica, no Reino Unido.
A conclusão ao qual os cientistas chegaram sugere que variantes do gene IRS1 reduzem a gordura sob a pele, mas não têm efeito sobre a gordura presente nas vísceras, em torno de órgãos como o coração e o fígado muito mais perigosa.
O gene IRS1 reduz a gordura que está sob a pele, mas não tem efeito sobre a gordura em torno do coração
O trabalho, publicado na revista científica "Nature Genetics", envolveu estudos genéticos com 76 mil pessoas.
A chefe do estudo, Ruth Loos, pesquisadora da Unidade de Epidemiologia do Instituto de Ciências Metabólicas, em Cambridge, na Inglaterra, disse que os pesquisadores ficaram intrigados quando perceberam a associação genética a doenças.
"Não são apenas os indivíduos obesos que podem estar predispostos a essas doenças metabólicas. Indivíduos magros não devem pressupor que são saudáveis com base em sua aparência", alertou Loos.
O médico Iain Frame, diretor de pesquisas da entidade de auxílio a diabéticos Diabetes UK, disse que o estudo pode "esclarecer por que 20% das pessoas com diabetes do tipo 2 sofrem da condição apesar de terem um peso saudável".
"[A pesquisa] também é uma mensagem clara de que pessoas magras não podem ser complacentes em relação à sua saúde", alertou.
Sobre o novo estudo, o médico Jeremy Pearson, um dos diretores da British Heart Foundation, entidade britânica de combate às doenças do coração, comentou: "Esses resultados reforçam a ideia de que, para os riscos ao coração, é particularmente importante não apenas quão obeso você é, mas sim onde você deposita a gordura.
"A gordura armazenada internamente é pior para você do que a armazenada sob a pele", acrescentou. "Entretanto, isto não elimina o fato de que ser obeso é ruim para a saúde do seu coração, então, devemos continuar tentando ficar magros e em boa forma física."

BBC BRASIL

Neurocientista explica por que o amor é cego


No recém-lançado "Sobre Neurônios, Cérebros e Pessoas" (Atheneu), o médico e neurocientista carioca Roberto Lent, 62, fala sobre descobertas da neurociência em uma língua que todo mundo entende. Nesta entrevista à Folha, ele explica como a desativação de certas partes do cérebro comprovam que o amor é cego e o ser apaixonado, louco.

Folha- O que é o amor do ponto de vista da neurociência?
Roberto Lent - É uma invasão de dopamina que ativa os centros de recompensa do cérebro e produz prazer.

Então age como uma droga?
O mecanismo [no cérebro] é parecido, mas não é igual.

Qual a diferença?
Para cada tipo de prazer, as reações corporais e mentais são diferentes em quantidade e em qualidade.

Quais são as reações ativadas pelo amor?
Do arrepio ao orgasmo, passando pelos intermediários. Você pode corar, suar, ofegar, o coração bate mais rápido. E você exerce os comportamentos de cortejar, se exibe para a pessoa amada.

Essas reações também acontecem quando você está com medo. Significa que ativamos os mesmos circuitos do amor?
Não sabemos com precisão, mas, como são muitas combinações [de circuitos cerebrais], um certo arranjo significa amor, outro medo. Segundo o pesquisador português Antônio Damásio, cada emoção tem uma combinação do que ele chama de marcadores somáticos. Quando você tem de novo a exata combinação, produz o mesmo sentimento. No caso do amor, fica marcada em seu cérebro uma combinação de circuitos e reações que é ativada quando você encontra a pessoa amada, vê uma foto dela ou apenas pensa nela.

É possível saber qual é essa combinação do amor?
Com estudos usando ressonância magnética funcional, que mostra imagens do cérebro em atividade, conseguimos fazer uma espécie de mapa de regiões que são ativadas em situações relacionadas ao amor.

Qual é o mapa da mina?
As principais regiões ativadas são a ínsula e o núcleo acumbente. Mas a grande descoberta foi que, ao mesmo tempo em que há ativação dessas regiões, outras áreas são desativadas no lobo frontal do cérebro.
As regiões frontais são associadas ao raciocínio, à busca das ações mais adequadas. Desativar essas regiões significa perder o controle. Na paixão, a pessoa deixa de levar em conta certas contingências sociais e faz coisas meio malucas. A expressão "o amor é cego" reflete a percepção dessa desativação do lobo frontal descoberta pela ciência.

As condições culturais podem modificar esses circuitos?
Não creio. Os circuitos são os mesmos, mas as regras mudam. Mas não temos resposta para isso.

Há diferença entre os circuitos do amor e do desejo sexual?
Cada pergunta difícil que você faz... Existe uma sobreposição entre o mapa cerebral da paixão e o do sexo. Mas, como nossa experiência diz que uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa, certamente existem diferenças entre esses dois mapas.

Somos programados para amar?
Sem dúvida. Animais são programados para reproduzir, mas não podemos dizer que se amam. No nosso caso, há um ingrediente a mais, que é a experiência subjetiva. A função do amor é aproximar pessoas, inclusive aproximações improváveis: como o amor é cego, você pode amar pessoas que normalmente são rejeitadas por outros. Sempre haverá um certo alguém para outro alguém. Sim, significa que mais pessoas vão se juntar. Já pensou se só se aproximassem entre si pessoas loiras de olhos azuis? Seria desfavorável e desagradável para a espécie.

IARA BIDERMAN

E nós com isso?

Nós, os leigos, que fazemos compras em supermercados, pagamos a mais alta taxa de juros do planeta e morremos em impostos extorsivos, precisamos saber e entender o que afinal o BNDES pretende ao liberar R$ 4 bilhões para o empresário Abílio Diniz, do Pão de Açúcar, comprar o Carrefour.
Será que é para baratear os preços de verduras, frutas, arroz, feijão, carne, produtos de higiene, material de limpeza e eletrodomésticos, por exemplo?
Improvável, pois, com o Carrefour e o Pão de Açúcar juntos, não há concorrência. Você aí acha que eles vão ajustar seus preços pelo menor ou pelo maior? Dá um chute. Pelo óbvio, tudo deve ficar mais caro.
Será, então, que os fornecedores vão ter melhores chances de barganha para seus produtos?
Improvável, pois os dois gigantes, unidos, vão poder pintar e bordar, além de impor seus valores a seu bel prazer. De novo, questão de mercado e competição, ou de não competição.
Ah! Então é porque a fusão vai gerar empregos no país inteiro?
Improvável. Ao contrário, aliás. Quando houver uma loja do Carrefour ao lado de outra do Pão de Açúcar, é mais do que razoável imaginar que uma das duas vá fechar. E os empregados vão dançar no olho da rua.
Enfim, essa operação toda precisa ficar devidamente clara, à luz do dia. Até porque o BNDES, que é o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, deve explicações ao excelentíssimo público sobre como está empregando os recursos com vistas veja bem ao desenvolvimento tanto econômico quanto social. A fusão se encaixa aí?
A graninha boa que o BNDES está despejando corresponde a 85% do capital para concretizar o negócio, e o super-gigante resultante dos dois gigantes terá nada mais nada menos que 32% do varejo nacional.
Agora é que nós, os leigos, vamos ver se o Cade é mesmo para valer. No mínimo, queremos respostas para entender tudo direitinho, certo? Até porque, no final, nós é que vamos pagar a conta.

Eliane Cantanhêde

Maconha e memória

Seria ótimo que todos tomassem conhecimento da pesquisa realizada pela Universidade Federal de São Paulo mostrando que a maconha afeta em 30% a memória o que é uma brutalidade dos jovens abaixo dos 15 anos, quando o cérebro ainda está em formação. É um alerta para os pais, educadores e especialmente para os jovens.
Sou daqueles que defendem há muito tempo a ideia de que a repressão policial ao consumo de maconha é mais prejudicial do que seu uso. Segundo os cientistas, essa droga causa menos danos do que álcool e cigarro, como sabemos.
Isso nos torna ainda mais responsáveis de divulgar, sem moralismos macabros, os perigos para a saúde do abuso da maconha, que afeta a concentração, prejudica os estudos e o trabalho. Ter a memória afetada precocemente significa danos no trabalho, cortando uma série de possibilidades.
As marchas a favor da descriminação da maconha deveriam colocar, na sua plataforma, aviso aos riscos da saúde.
Esse discurso não pode ficar restrito aos moralistas e não-moralistas. Jovens diminuíram o consumo do cigarro porque objetivamente viram que ali se tirava um pedaço da vida.
Daí que não consigo engolir o uso de celebridades para estimular qualquer produto com propriedade psicoativa como o álcool.

Gilberto Dimenstein

Exame de ressonância mostra como o cérebro processa piadas

Cientistas britânicos dizem ter desvendado a maneira como o cérebro humano reage a piadas, num trabalho que pode ajudar a determinar se pacientes em estado vegetativo são capazes de experimentar emoções positivas.
Pesquisadores da unidade de cognição e ciências cerebrais do Conselho de Pesquisas Médicas usaram exames de ressonância magnética funcional para observar e comparar o que acontece no cérebro de pessoas normais quando elas ouvem frases comuns e piadas engraçadas, inclusive trocadilhos.
Ao avaliar os cérebros de 12 voluntários saudáveis, eles notaram que as áreas de recompensa no cérebro se acendem muito mais ao processarem piadas do que ao processarem uma fala normal. No estudo, essa reação de recompensa aumentava conforme os participantes achassem uma piada mais engraçada.
"Encontramos um padrão característico de atividade cerebral quando as piadas usadas eram trocadilhos", disse Matt Davis, um dos coordenadores do estudo, em nota.
Por exemplo, piadas como "Por que os canibais não comem palhaços? Porque eles têm um gosto engraçado!" envolvia áreas cerebrais ligadas ao processamento da linguagem mais do que em piadas que não envolviam jogos de palavras.
Ele disse que a resposta também era diferente quando frases não engraçadas continham palavras com mais de um sentido.
"Mapear a forma como o cérebro processa as piadas e as frases mostra como a linguagem contribui para o prazer de entender uma piada. Podemos usar isso como parâmetro para entender como as pessoas que não conseguem se comunicar normalmente reagem a piadas", acrescentou ele.
A equipe de Davis, que teve seu trabalho publicado na terça-feira na revista "Journal of Neuroscience", disse que será possível usar o estudo para descobrir se alguém em estado vegetativo pode experimentar emoções positivas --um passo que poderia ajudar os parentes a entender o estado mental dos pacientes.
"Já usamos ressonâncias magnéticas funcionais para detectar a compreensão da linguagem em pacientes em estado vegetativo que não conseguem se comunicar de qualquer outra forma", disse Tristan Bekinschtein, que também participou do estudo.
"Podemos agora usar métodos similares para buscar emoções positivas nesses pacientes. Isso é muito importante para as famílias e amigos desses pacientes, que querem saber se eles ainda conseguem experimentar o prazer e o riso, apesar da sua adversidade."

KATE KELLAND

terça-feira, 28 de junho de 2011

Petrobras anuncia nova descoberta no pré-sal da Bacia de Campos


A Petrobras anunciou nesta terça-feira sua "principal" descoberta no pré-sal da Bacia de Campos. Segundo a companhia, foram encontrados "dois níveis de petróleo de boa qualidade no poço exploratório informalmente conhecido como Gávea."
O óleo foi encontrado pelo consórcio integrado pela brasileira e as estrangeiras Repsol Sinopec e Statoil.
A Repsol estrangeira líder em direitos de exploração nas Bacias de Santos, Campos e Espírito Santo é a operadora do consórcio, com 35% de participação, tendo como parceiras a Statoil, com 35% e a Petrobras, com 30%.
Segundo a Petrobras, o poço, localizado a 190 quilômetros da costa do Rio de Janeiro, foi perfurado pelo navio sonda de última geração Stena Drillmax I, em águas de 2.708 metros e atingiu a profundidade final de 6.851 metros.
"O consórcio está analisando os resultados obtidos no poço, antes de continuar com o processo de exploração e avaliação da área", afirma a companhia, em nota.
A Repsol Sinopec é a companhia estrangeira líder em direitos de exploração nas Bacias de Santos, Campos e Espírito Santo, participando em 16 blocos, dos quais é operadora em seis.

Folha de São Paulo

À espera de um milagre


GENEBRA - Estou sentado no Quai du Général-Guisan, junto ao lago de Genebra. O momento talvez exigisse meditações espirituais mais profundas.
Mas eu sou um materialista, leitor. Minhas observações esbarram no trânsito. Ou, para ser mais preciso, nos automóveis que vejo passar à minha frente.
Alguns fatos: Genebra é uma das mais caras cidades do mundo. Capital de bancos, joalharia fina, relógios de luxo. E o salário mínimo nacional pode chegar aos R$ 4.500 por mês.
Mas o que mais me impressiona é a qualidade do parque automóvel em Genebra. Ele é exatamente igual ao parque automóvel em Lisboa.
É um cortejo infindo de BMW's, Audi's, Mercedes. De vez em quando, um Lamborghini e um Jaguar.
Admito que o cenário seja o mesmo em Dublin ou Atenas. Estranho? Sem dúvida. Mas não para a Suíça. Isso só é estranho para Portugal, Irlanda e Grécia, os três países que estão ligados à máquina da União Europeia e do FMI (Fundo Monetário Internacional) por causa de suas dívidas colossais.
Manifestantes atiram pedras em policiais em mais um dia de protesto em Atenas contra à política econômica
Manifestantes atiram pedras em policiais em mais um dia de protesto em Atenas contra à política econômica
Ou talvez não seja assim tão estranho: a entrada no euro permitiu juros baixos e crédito fácil a países fiscalmente irresponsáveis.
Foi o dilúvio: em Portugal, a dívida pública duplicou em apenas seis anos --de 80 bilhões de euros passou para 160 bilhões. E a dívida privada é hoje uma das maiores do mundo. A festa tinha que terminar.
E terminou. A questão está em saber se a União Europeia pode terminar também.
Os olhos estão postos na Grécia. A questão é a seguinte: um ano após o último plano de resgate (110 bilhões de euros), o país ainda não regressou ao mundo dos vivos.
Com a economia em recessão (o Produto Interno Bruto recuou 5,5% no primeiro trimestre deste ano), com desemprego recorde (15,9%) e devendo o equivalente a uma vez e meia o seu PIB, a Europa espera que o Parlamento grego aprove novas medidas de austeridade (aumentos de impostos, cortes de salários etc.) e um ambicioso plano de privatizações, capazes de arrecadar 78 bilhões de euros até 2015.
Sem esse plano, não há novo cheque de Bruxelas de 120 bilhões de euros para tapar o buraco das contas helênicas.
Ninguém acredita que a Grécia se recuse a aprovar o pacote: isso seria a falência imediata do país e, quem sabe, do próprio sistema bancário europeu.
Mas o mais paradoxal, e o mais dramático, é que também ninguém acredita que um novo pacote de austeridade vai resolver coisa alguma: a Grécia está hoje capturada pela armadilha infernal da recessão econômica e da dívida crescente; e a primeira torna a segunda simplesmente impagável.
A revista 'The Economist', com típico humor britânico, resumia o absurdo da situação em duas frases: o plano não funciona? Então vamos manter o plano.
Mas há quem discorde sobre a natureza insolúvel do impasse.
Para os otimistas, a crise das dívidas soberanas que se instalou na Europa seria facilmente resolvida se a União Europeia, de uma vez por todas, assumisse a sua vocação federal: uma união política, econômica, fiscal, com mecanismos de transferência entre estados, capaz de corrigir os desequilíbrios entre os países fortes do Norte e os países deficitários do Sul.
Outros, mais pessimistas, lembram que a utopia é impraticável: os povos do Norte não tencionam subsidiar eternamente os relapsos do Sul. Chegou a hora de abandonar a ideia insana de que diferentes países, com diferentes estruturas produtivas, podem partilham uma mesma moeda. A Grécia deve seguir o seu caminho fora do euro. A Alemanha deve seguir o seu dentro do euro. Já bastou o que bastou.
Duas visões, duas fatalidades. No futuro próximo, a Europa terá de optar por uma delas.
Mas, até esse dia chegar, a estratégia do momento é despejar dinheiro sobre os gregos e esperar que um milagre aconteça.

João Pereira Coutinho

Hackers atacaram 20 portais do governo e 200 sites municipais

Vinte portais do governo federal e 200 sites municipais, principalmente de prefeituras, foram atacados na última semana pela onda mundial de hackeamentos, segundo estimativa do Serpro (Serviço Federal de Processamento de Dados) empresa vinculada ao Ministério da Fazenda e responsável por parte dos sites do governo federal.
O momento crítico foi o ataque ao site da Presidência da República na madrugada de quarta-feira. Na primeira hora da quarta, o site recebeu 2 bilhões de acessos dez vezes mais do que o normal, o que fez o Serpro retirar o site do ar por uma hora, explicou o diretor-presidente da empresa, Marcos Mazoni.
Paralelamente, o site da Receita Federal foi atacado, mas não foi necessário tirá-lo do ar, diz Mazoni. Ele explica que os dois ataques da quarta-feira foram apenas de carga, ou seja, muitas tentativas de acesso. Esse ataque é diferente de uma tentativa de entrar na base de dados do governo.
Segundo Mazoni, a base de dados do governo administrada pelo Serpro (como os presentes nos sites da Presidência, Receita e Fazenda) não foi atacada. Dados de pessoas públicas divulgados pelos hackers são conseguidos normalmente em bases públicas, continua ele.
"Nenhum dos dados saíram das nossas bases, elas continuam íntegras." Houve apenas uma tentativa de pichação quando troca-se o texto original do site por alguma mensagem ou desenho no site da Presidência, mas sem sucesso.
Mazoni diz que os hackers continuam tentando atacar os portais públicos com uma frequência duas vezes maior que o normal. Os registros identificados nos ataques estão sob investigação da Polícia Federal e da Abin, ainda segundo o Serpro.
"Sem dúvida temos uma situação de crime, porque imputou prejuízo ao Estado", afirmaMazoni.

JOHANNA NUBLAT

A classificação do Brasil para a final da Liga

Caro leitor, pode comemorar: a seleção brasileira já está classificada para a fase final da Liga Mundial de Vôlei. Matemática não é o meu forte: dei uma vacilada nas contas e até fiquei achando que estava certa já que no domingo a Confederação Brasileira tinha divulgado que a seleção ainda precisava ganhar dois sets em um dos dois jogos contra a Polônia para garantir a vaga. Até o técnico Bernardinho chegou a dar uma declaração falando que iria à Polônia em busca do ponto que faltava. Todos nós erramos.
O certo é que mesmo que o time sofra duas derrotas contra os poloneses por 3 sets a 0, algo bem improvável, e que os Estados Unidos ganhem de Porto Rico também por 3 sets a 0, haveria um tríplice empate. Brasileiros, poloneses e americanos ficaram com 24 pontos, 8 vitórias e 4 derrotas. O primeiro critério para desempate é o número de vitórias. Todo mundo ficaria igual. Valeria então o segundo critério: média dos sets ganhos divididos pelos perdidos. Nesse caso, a Polônia ficaria em primeiro lugar, o Brasil em segundo e os Estados Unidos, eliminados, em terceiro.
Enfim, as notícias são melhores do que eu havia anunciado. O bom de já entrar classificado contra a Polônia é que o técnico Bernardinho poderá usar as duas partidas para dar mais ritmo de jogo para o ponteiro Dante, um atacante fundamental para o Brasil. Por causa de uma inflamação no joelho, ele só estreou na Liga nas partidas do último fim de semana contra os EUA e ficou em quadra apenas para algumas passagens de rede.
A seleção também vai ter pouco tempo para descansar. Fez uma viagem longa dos Estados Unidos para a Polônia e vai enfrentar um fuso horário de seis horas de diferença. E os jogos já vão ser nesta quarta e quinta-feira, às 15h30. Por isso, é bom o time já estar classificado. O melhor dessa história é que a seleção não vai precisar mais mudar de país: a fase final também vai ser na Polônia a partir do dia 6 de julho.
A novidade vai ser a presença do oposto Wallace nos jogos contra os poloneses. Ele estava treinando no Brasil e foi chamado por causa da lesão na coxa esquerda do Leandro Vissotto, que será poupado e só volta para a fase final.
Na seleção feminina, uma surpresa. A ponteira Mari pediu dispensa da Copa Pan-americana, que começa a ser disputada a partir de quarta-feira no México. O motivo? Ela alegou razões pessoais. O técnico Zé Roberto Guimarães não convocou nenhuma atleta para o lugar da Mari. Problemas à vista: o time vai competir apenas com três ponteiras: Paula Pequeno, Fernanda Garay e Suelle. Natália, que seria uma opção, está se recuperando da retirada de um tumor benigno na canela.

Cida Santos

Oposição circular!



Blog de Josias de Souza

Papéis secretos da ditadura sumiram, afirma Jobim

O ministro da Defesa, Nelson Jobim, disse ontem que a proposta de acabar com o sigilo eterno de documentos --incluindo os do período da ditadura militar-- não deverá encontrar resistência nas Forças Armadas. Isso porque, afirmou, esses papéis já "desapareceram".
"Não há documentos, nós já levantamos os documentos todos, não tem. Os documentos já desapareceram, já foram consumidos à época", afirmou Jobim.
Segundo ele, como os arquivos não existem, a revelação de papéis sigilosos não representará problema algum: "Então não tem nada, não tem problema nenhum em relação a essa época".
O debate sobre a abertura das informações consome o governo há várias semanas. A presidente Dilma Rousseff, que originalmente era a favor do fim do sigilo, passou a se posicionar contra a medida diante da resistência dos ex-presidentes Fernando Collor (PTB) e José Sarney (PMDB).
Na semana passada, ela voltou a mudar de opinião.
O projeto original, enviado ao Congresso em 2009 pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, reduzia o prazo para o caráter sigiloso de papéis oficiais. Mas dava a possibilidade de prorrogação indefinida dos prazos.
O texto foi aprovado pela Câmara dos Deputados com uma emenda derrubando o sigilo. Depois foi encaminhado para o Senado.
Segundo Jobim, o projeto atual é adequado e não vai oferecer subsídios para mudar a interpretação de fatos históricos. "Não temos nada a esconder, todo mundo já conhece, não tem nenhum mistério", afirmou.
Ele também negou que a pasta tema a revelação de informações sobre a Guerra do Paraguai. "Basta ler sobre a guerra. Tem um livro extraordinário de um professor de história de Brasília que bota a guerra dentro do quadro histórico", disse Jobim.
Segundo o ministro, a única preocupação das Forças Armadas era sobre tecnologia. "Mas esta está preservada, não temos problema."

FÁBIO GRELLET

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Cordel Encantado desta terça-feira


Em Cordel Encantado, novela da Rede Globo, resumo do próximo capítulo 68, terça-feira, 28 de junho – Florinda incentiva Petrus a lembrar quem era o outro cúmplice da duquesa. Jesuíno se entristece ao saber do baile de Açucena. Augusto revela que Cesária será seu par no baile. Lilica ameaça Nicolau para ir ao baile com ele. Jesuíno pede para Galego o levar até Dora. Petrus ouve Zenóbio comentar com Florinda que Augusto e a corte voltarão a Seráfia após o baile de apresentação de Açucena. Amália aconselha Cesária a lutar para ficar com Augusto. Filó aproveita a viagem de Neusa e Batoré para levar Antônia à Vila da Cruz. Antônia se revolta com Inácio. Filó vê Cícero e fica apavorada. Úrsula fica animada com a notícia de que Euzébio dançará a valsa com a princesa. Açucena dança com Felipe como uma verdadeira princesa.

Globo

Gaddafi, o TPI e o Brasil

A ordem de detenção de Muammar Gaddafi, emitida pelo Tribunal Penal Internacional, pode servir como truque jurídico para que a OTAN extrapole os limites do mandato do Conselho de Segurança e saia à caça do ditador líbio.
A lógica seria a seguinte: o Conselho de Segurança, numa primeira resolução sobre a Líbia, decidiu impor sanções ao governo Gaddafi e encaminhar o caso dele ao TPI. Se o Tribunal, agora, emite ordem de captura, executá-la seria uma consequência lógica e até inescapável da resolução original, mesmo que a segunda resolução tenha autorizado apenas a introdução da zona de exclusão aérea sobre a Líbia o que, em tese, não inclui a detenção.
Os ataques que se seguiram podem não seguir literalmente a letra da resolução, mas o espírito dela era claramente impedir que prosseguisse o massacre dos opositores. A única forma de fazê-lo era atacar o atacante.
O problema é que os ataques, além de não terem resultado, até agora, na defenestração do ditador, ainda provocaram mortes de civis. Consequência: países que apoiaram a zona de exclusão aérea, caso da Itália, por exemplo, agora pedem o fim das operações.
A decisão do TPI pode ser interpretada como um passo na contramão desses segundos pensamentos. O Brasil, sem ruído, também está incomodado com os ataques. O Itamaraty acha até que os resultados justificam a posteriori a abstenção brasileira na votação da segunda resolução. Acontece que o Brasil votou a favor da primeira resolução, a que remetia Gaddafi ao TPI.
Se aprovou a iniciativa, agora que o resultado dela é a ordem de captura do ditador, como reagirá o Itamaraty? Opor-se-á ao cumprimento pela OTAN da ordem de captura, que é, convém repetir, decorrência de proposta aprovada pela diplomacia brasileira?
Ou ficará em cima do muro, preferindo que a captura se dê apenas se e quando Gaddafi deixar a Líbia, o que não parece estar a vista sem mais ataques, os ataques que o Brasil não quer?

Clóvis Rossi

Arqueólogos descobrem blocos com inscrições de dinastia egípcia

Uma missão de arqueólogos franceses descobriu no Egito centenas de blocos de pedra com inscrições e desenhos de cores vivas que datam da dinastia 22 (945-712 a.C.), anunciou nesta segunda-feira o Ministério de Estado para as Antiguidades.
Descobertas na região de San el Hagar, na província de Sharqiya, no nordeste do país, as pedras foram reutilizadas por outras dinastias na construção do muro de um lago sagrado destinado ao templo do deus Mut.
Os arqueólogos devem continuar as escavações na área até localizar todos os blocos, cerca de 2.000 peças, para poder reconstruir o templo antigo do qual faziam parte seguindo as inscrições.
Dos blocos recuperados, os arqueólogos limparam até agora 120 peças, das quais 78 possuem inscrições.
Há um ano, a missão de arqueólogos franceses tenta descobrir também o lago sagrado, que tem superfície de 30 metros, largura de 12 metros e profundidade de seis metros.
Segundo o comunicado, a descoberta arqueológica atribui mais importância à localidade de San el Hagar, conhecida na antiguidade como o Luxor do norte do Egito.

EFE

Barbara Gancia confere corpos sarados da Parada Gay; veja


Os colunistas da Folha Barbara Gancia e Vitor Angelo mostram no vídeo acima algumas atrações da Parada Gay que comemorou seus 15 anos de realização como sinônimo de diversão e liberdade para todo o público, inclusive dos heterosexuais.
O evento reuniu neste domingo (26) cerca de 4 milhões de pessoas na Av. Paulista. A parada deste ano teve como tema a frase "Amai-vos uns aos outros: basta de homofobia" e ganhou um aspecto comemorativo depois que o STF (Supremo Tribunal Federal) reconheceu a validade da união estável homoafetiva no Brasil
A festa começou por volta das 13h30 com uma valsa dançada em frente ao Masp, que logo se transformou em música eletrônica e deu início ao desfile de uma sequência de 16 trios elétricos que animaram a multidão fantasiada e colorida que chegava.
O último trio passou por volta das 18h30 na praça Roosevelt, levando uma mensagem da organização para os participantes: "Pecado é ser intolerante! Contra a homofobia, a luta é todo dia!".

Folha de São Paulo

Bactéria mata ao menos 47 na Europa

O número de mortes pela variante da bactéria _ Escherichia coli (E.coli)_ chegou a 47 na Alemanha e Suécia, mesmo diante da queda no número de novos casos registrados.
O centro de controle de doenças da Alemanha, o Instituto Robert Koch, disse que 46 mortes foram registradas no país. Uma pessoa morreu na Suécia e os Estados Unidos estudam se uma morte no país está relacionada à mesma bactéria.
O número de novas infecções caiu significativamente nas últimas semanas, mas o saldo total de contaminados continua a subir, com notificações atrasadas.
O instituto alemão diz que 3.801 pessoas foram reportadas com a E.coli na Alemanha, isso inclui 834 que sofrem com uma complicação que pode levar à falência renal.
Outros 119 casos foram reportados em 15 outros países.
Nesta segunda-feira, autoridades de saúde holandesas e britânicas recomendaram que o público evite consumir brotos e sementes crus, depois de cientistas terem vinculado um surto de E.coli­ na França a outro surto altamente tóxico na Alemanha.
Um especialista britânico em segurança de saúde disse que é muito improvável que seja mera coincidência o fato de brotos de salada terem sido identificados como a fonte provável dos dois surtos.
Sete pessoas em Bordeaux continuam hospitalizadas, disseram autoridades francesas, uma delas ainda na unidade de terapia intensiva, depois de serem infectadas pela bactéria E.coli.
Outro paciente deixou a unidade de tratamento intensivo e foi transferido para um departamento especializado em desordens renais, e a condição de uma mulher de 78 anos melhorou, passando de grave para estável.
As autoridades francesas disseram que pelo menos duas das pessoas afetadas apresentam a mesma cepa rara da infecção que já contaminou milhares de pessoas na Alemanha.
As investigações iniciais do surto de E.coli na França apontam para um vínculo possível com sementes de brotos produzidos por uma firma britânica, Thompson & Morgan. A empresa disse que está cooperando com as investigações, mas que não acredita que suas sementes sejam a causa do surto na França.
As autoridades de saúde na Alemanha vincularam a epidemia nesse país a brotos de feijão contaminados cultivados em uma fazenda orgânica alemã e vendidos a consumidores e restaurantes para ser comidos crus em saladas.

AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

FHQuem?!?



Blog de Josias de Souza

Cientistas explicam um dos segredos do sucesso

Foi divulgado no mês passado, em uma das principais universidades americanas (Duke), um estudo que dá uma nova visão sobre um dos segredos do sucesso. A julgar pela repercussão, as descobertas vão influenciar a educação no mundo. O estudo revela que, mais importante que a inteligência, o sucesso profissional está associado à habilidade do autocontrole, ou seja, saber gerenciar impulsos e lidar com as frustrações (o detalhamento desse estudo está no www.catracalivre.com.br).
Essas descobertas são baseadas em observações de 30 anos em crianças (algumas delas gêmeas) que demonstraram autocontrole, mantendo o foco no que é relevante. Viram que, além das notas melhores, elas, quando adultas, tendiam a ter mais sucesso profissional, a cuidar melhor da saúde e a ficar longe das drogas e do abuso do álcool.
Há um componente genético, afirmam os cientistas. Mas, segundo eles, é algo que, em parte, pode ser treinado. Justamente por isso, escolas nos Estados Unidos estão usando técnicas para desenvolver o autocontrole em crianças a partir dos 3 anos de idade, com resultados positivos pelo menos do ponto de vista acadêmico.
Afinal, manter o foco no estudo, ainda mais numa era tão dispersiva, exige saber lidar com a frustração.

Gilberto Dimenstein

Quando o governo não serve


Em maio do ano passado, o ex-presidente Lula batizou o primeiro petroleiro construído no estaleiro Atlântico Sul, no Complexo Industrial e Portuário de Suape, em Pernambuco.
Suape foi uma das prioridades do pernambucano Lula e de seu PAC, gerenciado pela então ministra Dilma. Os PAC 1 e 2 podem colocar até R$ 800 milhões no empreendimento.
O complexo é um fenômeno mesmo sem terem maturado todos seus investimentos, estimados em R$ 27 bilhões.
Há 100 empresas instaladas e 35 sendo implantadas. Além do porto e do maior estaleiro do hemisfério sul, há uma refinaria de petróleo, três plantas petroquímicas e uma infinidade de indústrias e prestadoras de serviço.
Mas, em um país onde as coisas nunca são bem feitas e completas, Suape não poderia ser diferente.
Quando Lula foi posar para fotos na região, a menos de 60 km do Recife, voou para lá de helicóptero.
Já as pessoas que hoje trabalham no local padecem em jornadas de trânsito que variam de três a seis horas, todos os dias.
Segundo ampla reportagem do "Jornal do Commercio", do Recife, há coitados que perdem até nove horas no tráfego, mães que deixaram de ver os filhos crescer e uma proliferação de doenças relacionadas ao estresse do trânsito. Tudo para correr uma distância de pouco mais de 110 km entre a ida e a volta.
De cerca de 6,6 mil empregos em 2009, a área de Suape emprega hoje mais de 74 mil pessoas. O total de veículos que se dirige à região saltou de 6,7 mil para 10 mil e cresce a cada dia.
Saturadas, as duas principais rodovias que levam a Suape são a federal BR 101 e a ex-estadual PE 60, só recentemente federalizada para que venha a ser duplicada algum dia.
Além dessa providência, já atrasada e paliativa, não se fala em alternativas de longo prazo. Como transporte ferroviário ou marítimo de passageiros entre o Recife e a região, programada para se expandir cada vez mais.
Por questões ideológicas em um país onde o Estado quase não investe, Lula e sua gerente Dilma atrasaram boa parte da infraestrutura nacional.
Lula só permitiu concessões privadas de estradas a partir de 2008 (dois anos antes de sair). Dilma só recentemente admitiu que o setor privado tenha o controle nas concessões de grandes aeroportos. Antes, queria que a ineficiente Infraero comandasse ampliações com dinheiro privado, o que não colou.
Como mostrou o colega Mauro Zafalon em reportagem na Folha, alguns empresários cansaram de esperar pelo governo.
No oeste da Bahia, explodindo com o agronegócio, 13 fazendeiros separaram uma área e fizeram com o próprio dinheiro a base de uma pista de 3 km e um pátio para aeronaves. Agora, entregam de mão beijada o investimento para o governo na esperança de que seja concluído.
Os produtores também colocaram do bolso R$ 2 milhões no projeto de uma estrada de 222 km para escoamento de safra e criaram um fundo privado para financiar a obra.
Para esse pessoal, o governo parece não servir para nada.
E os engarrafados pernambucanos que esperem, sentados.

Fernando Canzian

O fim do Sim

Solstício de verão. 21 de junho. O dia mais longo do ano no Hemisfério Norte. Diz Não à Primavera e Talvez ao Verão.
Wimbledon. Não diz nada. Raqueteia-se durante 14 dias. Um Não grunhindo Sim.
Festival de Gastonbury em Piltin. De quarta-feira, 22, a domingo, 26. Diz Não à música. Diz Não a Bach, Beethoven, Mozart e ao Conjunto Farroupilha. O poeta, compositor e cantor francês, Léo Ferré, há mais de 40 anos, numa de suas esplêndidas composições, Mister Giorgina, terminava-a com um grito angustiado: Dans l'án 2000 plus de musique!
Ferré sabia das coisas. Que só o Não sobrexistiria, que havia Não até até o fim dos dias. Um menestrel do Não. Era anarquista, pois Não?.
Peter Falk disse Não. Ou a vida disse por ele. Não à sua capa de chuva estropiada, seu calhambeque caindo aos pedaços. Peter Falk disse Não a quem era: Não à lucidez e ao talento. Optou pela demência. E era até Não para quando lhe falavam do tenente Columbo. "Só mais uma coisinha...", conforme seu bordão. Deixou, ao menos, de dizer Quem Sabe? às dublagens.
As Tartarugas Não Voam. Filme. Filme em Não. Meninos curdos na fronteira com a Turquia. Todos dizendo Não. Co-produção Iraniana-Iraquiana. Na poltrona, virar-se e repetir Não, Não, Não para o DVD.
Nova York, cidade do Sim, disse Não aos preconceitos. Aprovado o projeto para o casamento entre homossexuais. Comemorou-se dizendo Não. Como só a euforia sabe dizer Não.
Casamento coletivo gay em São Paulo no mesmo dia. Dizendo Não às convenções. Noivos maquiados e bolos temáticos a dizer Não, com uma piscadela, no altar e no registro civil. Mesmo fim de semana, marcha de lésbicas na avenida Paulista. Dizendo Não aos que nelas jogam as derradeiras pedras do Sim.
Três vezes seguidas na vitrola Nat Cole enganando todo mundo fazendo que Sim com voz e fraseado, na verdade cantando Não, como só ele sabia cantar Não: That Sunday, That Summer. Um Não ensolarado cobrindo os mais variados mortos.
Anthony Whitney (1912-1946), escritor inglês do Não por excelência, e até mesmo majestade, escreveu: "To read is my curse. Not to write is myblessing."
Não. Sim. Talvez. O que se passa comigo? Eu grito e o Antônio Maria (Se Eu Morresse Amanhã de Manhã) responde em câmara de eco; "Nada. Ninguém. Deixa pra lá".
Fato é que, nesta idade avançada, certos livros ainda me botam minhocas na cabeça, cobras se enroscam em meu corpo, lagartixas mordiscam meus pés.
Um amigo dos mais gentis, lá de São Paulo, deu-se ao trabalho de me enviar dois livros do barcelonense Enrique Vila-Matas (editado no Brasil pela Cosacnaify, nome que já vai logo dizendo Não aos leitores) e foi para mim uma descoberta. Um deles, Dublinesca, com dedicatória para Ivan Elessa, nome que já penso em adotar oficialmente, pois é todo Não. Dublinesca, como o nome indica, é sobre o magnífico James Joyce e sua cidade natal, Dublin.
Joyce era, com seu, mais tarde, secretário, Samuel Beckett, a maior autoridade que já houve do Não. Abra (ou melhor, não abra, não mexa, fique quieto aí) Finnegans Wake e lá você encontrará um Não do tamanho de um bonde sem aspas possessivas.
Mas a revelação mesmo, para mim, foi o outro do grande Vila-Matas, Bartleby e Companhia. Sim, pois Não, utilizou-se do escrivão de Herman Melville, o sem arpões e baleias brancas, de pé, parado. Fazendo do corpo a ginástica do Não. O livro é uma teoria avançada da difícil, da quase irrealizável arte de não escrever. Nem mesmo escrever Não.
O romance, se assim se pode chamá-lo, é uma série de 86 notas de pé de página sobre escritores existentes, que existiram, ou que Não existiram nunca. O importante é a posição: todos dizem Não.
E não se sentam para escrever coisíssima alguma. Um Nada em estado, se não puro, em adiantado estado de gestação. Esta paralisia da escrita é também a síndrome do Mal, um nome mais ardiloso para o Não. Afinal, o que há de errado em ficar em casa tomando notas e esperando a gata voltar do veterinário depois da vacina e checkup anual?
As notas tomadas serão de preferência mentais. E se tiver de rabiscá-las num canto de jornal ou revista, rasgar, queimar, jogar fora o mais cedo possível. Melhor ainda: esquecer tudo no mesmo instante em que pensou.
Não, Molly Bloom, mil vezes não. Você pare, criatura, com esses monólogos interiores aí. Muito sim, inclusive no plural, conta como Não. Sabia Não?

IVAN LESSA

domingo, 26 de junho de 2011

Bombeiros do Rio fazem manifestação por anistia


Bombeiros do Rio estão promovendo neste domingo um ato pela anistia dos 429 manifestantes presos após invadir o quartel central da corporação, no dia 3 de junho.
Centenas de bombeiros se reuniram na praia do Flamengo, avenida paralela ao Aterro do Flamengo, a partir das 10h.
Por volta do meio-dia eles iniciaram uma carreata que deve seguir até o Recreio dos Bandeirantes, na zona oeste. Segundo organizadores, mais de 1.500 pessoas participam da manifestação, que por volta das 14h30 momento passava pelo Leblon (zona sul).
Os 429 bombeiros que foram presos e denunciados por motim e danos materiais estão sendo processados e podem até ser expulsos da corporação.
Dois PMs que também participaram da invasão também podem ser expulsos eles estão sendo submetidos ao conselho de disciplina da corporação que avalia se houve crime militar ou não. Se for comprovada a culpa, um colegiado decidirá pela expulsão dos PMs.
O Senado já aprovou na quarta-feira (22) anistia aos bombeiros denunciados. Como a decisão foi aprovada em caráter terminativo pela CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), segue para análise da Câmara --se não houver apresentação de recurso para o projeto ser votado no plenário do Senado.
Pelo texto, fica prevista a anistia aos crimes previstos pelo Código Penal Militar e infrações disciplinares aplicadas aos bombeiros --o que na prática impede que os militares que participaram do motim recebam punições legais.
O perdão criminal e administrativo é a principal reivindicação do grupo, que foi libertado após habeas corpus da Justiça. Os militares realizaram o movimento na defesa de aumento salarial. O piso bruto da categoria é de R$ 1.031.
O governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), propôs à Assembleia Legislativa do Estado que 30% do valor do Fundo Especial do Corpo de Bombeiros, arrecadado com a taxa de incêndio, seja usado no pagamento de gratificações. O fundo, que arrecadou R$ 110 milhões em 2010, hoje é destinado à manutenção e aquisição de equipamentos, assistência médica e social e treinamento de pessoal.
Já foi anunciada a antecipação de um reajuste de 5,8%, que antes seria escalonado entre julho e dezembro. Somado aos reajustes de janeiro a junho, representará um aumento de 11,5% neste ano. O piso final, de R$ 1.265, ainda ficará aquém dos R$ 2.000 reivindicados pela categoria.

FÁBIO GRELLET

Cordel Encantado desta segunda-feira


Em Cordel Encantado, novela da Rede Globo, resumo do próximo capítulo 67, segunda-feira, 27 de junho – Jesuíno se surpreende com a notícia de que Açucena se casará com o príncipe Felipe. Timóteo pede Carlota em casamento. Cesária encontra um bicho peçonhento em seu quarto. Jesuíno conta para Euzébio e Virtuosa que Cícero está vivo. Filó promete a Antônia que pensará em uma forma de ela se encontrar com Inácio. Petrus se lembra de que Úrsula possuía outro cúmplice além de Nicolau. Timóteo explica à duquesa por que quer ficar noivo de Carlota. Batoré pressiona Antônia para marcar a data de seu casamento. Carlota conta a Fausto sobre ela e Timóteo. Petrus afirma a Zenóbio e Florinda que irá desmascarar Úrsula. Timóteo fica noivo de Carlota. Doralice se recupera de seu acidente. Açucena tem aulas de boas maneiras com Efigênia. Florinda, Patácio e Augusto marcam eventos diferentes para a cidade no mesmo dia. Úrsula diz a Nicolau que acabará com o baile de apresentação de Açucena.

Globo

Cabra-cega!



Blog de Josias de Souza

Real obrigação da escola é promover aprendizado dos alunos

Tempos atrás, ter um filho com dificuldades para aprender era algo bastante desconfortante. Pairava no ar a dúvida sobre ele ser ou não inteligente. Havia, como ainda existe hoje, testes de inteligência que mediam o QI (quociente intelectual). De maneira onipotente, diziam e prediziam qual era a capacidade da criança. Pouco ou nada ajudavam, principalmente aquelas que apresentavam um baixo desempenho.
Para as consideradas pouco capazes, o lugar reservado era o do fracasso, com um futuro não muito promissor. Isso ainda deve acontecer. Porém, com os avanços em diferentes áreas como a pedagogia, psicologia, neurologia, sociologia e outras mais, as coisas mudaram.
Sabe-se, por exemplo, que aprender vai além de se ter um bom potencial intelectual. É necessário que haja condições emocionais. Para a aprendizagem escolar, é de suma importância uma pedagogia competente, que realmente promova o aprendizado.
Os avanços ocorreram não só na maneira de se compreender o aprender, mas também na criação de condições favoráveis para que aqueles que não conseguem se desenvolver na escola consigam caminhar. Há vários recursos para dar suporte a essas crianças e adolescentes. Existem as tradicionais aulas particulares (institucionalizadas nos dias de hoje) e os reforços escolares, terapia psicopedagógica ou psicológica, remédios para se prestar mais atenção às aulas e algumas outras coisas.
São tantas as possibilidades oferecidas fora da escola, que ela anda se esquecendo de sua real obrigação - propiciar o aprendizado de seus alunos. A impressão que dá é que ela está terceirizando isso para outros profissionais, como os psicopedagogos e professores particulares - ou até a uma equipe deles. O aluno que não acompanha suas exigências e planejamento é rotulado com problema e dificuldade.
Além disso, observa-se que vários alunos com bom desempenho escolar têm apresentado um rendimento abaixo de seu perfil. Algo cada vez mais comum. A sensação descrita pelos pais e crianças é que a escola parece estar apertando o cerco em suas exigências.

Colocação no Enem

Em algumas delas, esse fenômeno tem ocorrido por causa das notas obtidas no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Principalmente, quando caíram de posição, de um ano para outro, no ranking das escolas. Apavoraram-se e foram cobradas pelos pais dos alunos. Descontaram neles possíveis problemas pedagógicos que qualquer colégio pode ter.
Uma instituição de ensino tem que mirar em seus alunos para que possa ajudá-los na aprendizagem formal e não usá-los simplesmente para conseguirem uma boa colocação numa prova. Isso será resultado de seu trabalho em conjunto com os estudantes. Não basta cobrar deles. Ela tem que se autoanalisar e ver onde está a precariedade de sua proposta e prática pedagógicas.
Infelizmente, ainda vemos muitas escolas se colocarem numa posição em que têm que ser alcançadas pelos alunos. Em verdade, esquecem-se que elas é que precisam alcançá-los. Por isso, tanta necessidade desses especialistas ficarem orbitando em volta delas. Será que há tanta necessidade deles?
Se há, é porque as escolas não estão fazendo aquilo que deveriam - ensinar ou propiciar a aprendizagem de seus alunos. Elas precisam rever para que servem e a que se prestam: ensiná-los ou apenas ter uma classificação no Enem.

Ana Cássia Maturano
Psicóloga e psicopedagoga

Hackers internacionais afirmam que encerrarão invasões virtuais

O grupo internacional Lulz Security, também conhecido como Lulzsec, divulgou neste sábado uma mensagem no Twiiter afirmando que não fará novas ações, após 50 dias atacando sites de instituições como a CIA e o senado norte-americano.
O perfil dos representantes brasileiros do grupo (que também usa o nome LulzSec), porém, continua anunciando diversos ataques contra sites do governo.
A mensagem deixada pela vertente internacional da organização afirma que suas ações foram movidas pela diversão, e que "estivemos perturbando e expondo empresas, governos, a população em geral e tudo o que há no meio, só porque nós podemos".
A mensagem de despedida diz ainda que os hackers esperam que as invasões continuem sem o Lulzsec. Algumas das frases postadas afirmam: "Por favor, não parem. Nós esperamos, desejamos e até imploramos que o movimento se manifeste em uma revolução que pode continuar sem nós".

SAIBA MAIS

O grupo de hackers LulzSec chamou a atenção mundial pela primeira vez há dois meses, com a invasão da rede on-line do PlayStation, da Sony, e com o vazamento dos dados de milhões de usuários. O serviço, de alcance global, passou dias fora do ar.
Na semana passada, o grupo assumiu um ataque ao site da CIA. Na quinta-feira, o FBI invadiu e confiscou equipamentos de um servidor de internet no Estado de Virgínia, parte de uma investigação dos membros do LulzSec realizada junto com a própria CIA e agências europeias, segundo o "New York Times". Um membro do LulzSec foi preso no Reino Unido.
O nome Lulz vem de LOL ("laugh out loud", rir alto), uma gíria de internet usada, em geral, após brincadeiras on-line e pegadinhas.
Anterior e mais conhecido, o grupo Anonymous nasceu como coletivo hacker há cerca de três anos.
A exemplo do LulzSec, começou com brincadeiras on-line, até realizar uma série de ataques em defesa do WikiLeaks, em dezembro do ano passado.
Conseguiu afetar a operação de sites globais como Visa, MasterCard e PayPal, por terem suspendido contas da organização de Julian Assange, que expôs segredos americanos.

Folha de São Paulo

sábado, 25 de junho de 2011

Além da PF, Abin é acionada para investigar hackers


Além da Polícia Federal, o governo mobilizou a Abin (Agência Brasileira de Inteligência) na investigação da onda de ataques cibernéticos a sites oficiais.
No intervalo de três dias –de quarta a sexta-feira—, foram invadidas e temporariamente desativados os sistemas de oito órgãos públicos, entre eles o Planalto.
A Abin depende do organograma do GSI (Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República).
Tem a missão constitucional de prover informações estratégicas ao inquilino do Palácio do Planalto.
Dilma Rousseff declarou-se “surpresa” com a vulnerabilidade dos sites oficiais, disse ao blog um auxiliar da presidente.
Requisitou informações sobre as normas de segurança do governo na internet. Quer saber também detalhes sobre a extensão dos estragos.
Oficialmente, os órgãos alcançados pelos ataques em série informam que os hackers não capturaram dados sigilosos. Dilma quer ter certeza.
Funciona no GSI um Comitê Gestor de Segurança da Informação. Foi criado em 2000, sob Fernando Henrique Cardoso.
Dedica-se a monitorar as investidas contra sites oficiais. Fixa regras de segurança preventiva. Mas nem todas as repartições as seguem.
Sob Dilma, o Planalto deve aperfeiçoar e unificar a política de prevenção eletrônica, tornando-a obrigatória.
O governo acordou também para a necessidade de aperfeiçoar a legislação brasileira, que não tipifica os crimes praticados pelos piratas da web.
A despeito da “surpresa” de Dilma, as ações de criminosos cibernéticos contra o governo são mais corriqueiras do que se imagina.
Em 7 de julho de 2009, Raphael Mandarino Jr., então diretor de Segurança da Informação do GSI, expôs o drama à Comissão de Segurança Pública da Câmara.
Disse que o Estado brasileiro gerencia 320 grandes redes de computadores. Exemplificou:
“Quando digo grande rede, refiro-me às redes do Banco do Brasil, do Serpro, da Justiça, etc...”
Contou que o governo sofre na web 2 mil ataques por hora ou 48 mil por dia.
Relatou que, só no ano de 2008, “uma das maiores redes” da administração pública sofreu “3,8 milhões de incidentes”.
Cerca de 1% desses “incidentes”, esclareceu Mandarino, “diz respeito àquilo que nos preocupa muito: tentativa de invasão”.
Informou, de resto, que o setor de Segurança da Informação do GSI analisa cerca de 200 novos “malwares” todos os meses.
“Malware" é um neologismo que resulta da fusão de dois vocábulos da língua inglesa: “Malicious software”.
São programas criados com o objetivo de se infiltrar clandestina e ilegalmente em computadores alheios.
Segundo Mandarino, 70% dos vírus buscam nas redes oficiais “informações bancárias”; 15% tentam capturar “informações pessoais”.
Outros 10% dos ataques são feitos com o propósito de extrair informações da rede INFOSEG, gerida pelo Ministério da Justiça.
Trata-se de uma base que armazena dados das secretarias estaduais de Segurança Pública e da Justiça (inquéritos, processos e mandados de prisão, por exemplo).
O inusitado dos últimos ataques foi a concentração do que o GSI classifica como “incidentes graves” no curto intervalo de 72 horas.
Causou estupefação também a taxa de êxito dos invasores, que, no mínimo, retiraram vários sites do ar por algumas horas.
Antes desses incidentes, o caso mais havia ocorrido em 2008, no segundo mandato de Lula.
Uma quadrilha de hackers do Leste Europeu invadiu o servidor de um órgão público brasileiro e capturou a senha usada para acionar o sistema.
Diferentemente dos ataques dos últimos dias, o objetivo dos hackers não era meramente propagandístico, mas financeiro.
O grupo anunciou o “sequestro” da senha e pediu um "resgate". Para devolver a senha, exigiu-se o pagamento de US$ 350 mil.
Com o auxílio de especialistas de fora do governo, ténicos da Abin quebraram a senha da quadrilha. E o servidor foi recolocado no ar sem o pagamento do “resgate”.
A exemplo do que ocorre agora, a Polícia Federal foi acionada. Decorridos quatro anos, não há notícia de identificação dos criminosos.
Nesse tipo de crime, o anonimato dos autores e a origem dos ataques, por vezes desfechados do exterior, fazem da investigação uma missão inglória.

Josias de Souza

Hackers invadem site da UnB e alteram notícias

O site da UnB (Universidade de Brasília) foi hackeado na madrugada deste sábado, segundo o prefeito do Campus, professor Paulo César Marques. Enquanto tenta restabelecer o conteúdo do portal, a equipe de tecnologia publicou a mensagem "site em manutenção" na página inicial.
Segundo Marques, na primeira hora da madrugada, os hackers colocaram títulos provocativos em algumas matérias da página principal do portal.
Uma onda de ataques de hackers tem vitimado diversos sites do governo na última semana. As invasões foram intensificadas durante o feriado, já que nesses dias as equipes de tecnologia da informação dos órgãos estão incpompletas.
Já foram vítimas de vários grupos de hackers, principalmente um conhecido como LulzSecBrasil célula nacional de um dos maiores grupos de hackers do mundo as páginas da Presidência da República, Receita Federal, Ministério da Cultura, Ministério do Esporte, IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), Senado, Portal Brasil e Petrobras (que negou o ataque e creditou a queda do site a uma "instabilidade").
Na sexta-feira, a Polícia Federal iniciou uma investigação para tentar encontrar a origem das invasões, feitas usando um processo chamado DOS (Denial of Service [Negação de Serviço]). Consiste em bombardear um computador com um número excessivo de acessos até que ele saia do ar e o site alvo fique indisponível.
A Abin (Agência Brasileira de Inteligência) também apura os autores dos ataques cibernéticos.

Folha de São Paulo

sexta-feira, 24 de junho de 2011

São João!



Blog de Josias de Souza

Em vídeo, hackers incitam ataques a sites do governo; veja



O vídeo acima, divulgado pelo grupo de hackers denominado LulzSecBrazil, exibe uma mensagem que incita os usuários de internet a participarem dos ataques a sites ligados ao governo brasileiro.
O mesmo grupo assumiu, por meio de sua página, a autoria dos ataques aos sites da Presidência da República e do Ministério dos Esportes.
Na tarde desta quinta-feira, em um chat frequentado por simpatizantes do grupo, muitos usuários conversavam sobre ataques ao site do Senado, que ficou fora do ar por alguns minutos durante o dia.
O Serpro (Serviço de Processamento de Dados), que hospeda os sites do governo federal, classificou o ataque como o maior já enfrentado pelas páginas eletrônicas. Segundo o Serpro, não houve vazamento de informações.

SAIBA MAIS

O grupo de hackers LulzSec (Lulz Security) chamou a atenção mundial pela primeira vez há dois meses, com a invasão da rede on-line do PlayStation, da Sony, e o vazamento dos dados de milhões de usuários. O game, de alcance global, passou dias fora do ar.
Na semana passada, o grupo assumiu um ataque ao site da CIA. Anteontem, o FBI invadiu e confiscou equipamentos de um servidor de internet no Estado de Virgínia, parte de uma investigação dos membros do LulzSec realizada junto com a própria CIA e agências europeias, segundo o "New York Times". Um membro do LulzSec foi preso no Reino Unido.
O nome Lulz vem de LOL ("laugh out loud", rir alto), uma gíria de internet usada, em geral, após brincadeiras on-line e pegadinhas.
Anterior e mais conhecido, o grupo Anonymous nasceu como coletivo hacker há cerca de três anos.
A exemplo do LulzSec, começou com brincadeiras on-line, até realizar uma série de ataques em defesa do WikiLeaks, em dezembro do ano passado.
Conseguiu afetar a operação de sites globais como Visa, MasterCard e PayPal, por terem suspendido contas da organização de Julian Assange, que expôs segredos americanos.

MÁRCIO NEVES

Bombeiros do Rio doam sangue em "agradecimento" à população


Setenta e cinco bombeiros foram nesta sexta-feira ao Hemorio, o Instituto Estadual de Hematologia Arthur de Siqueira Cavalcanti, para doar sangue. O grupo disse que foi um ato de agradecimento à população do Rio pelo apoio ao movimento da categoria, após a prisão de lideranças que reivindicavam reajuste salarial.
O grupo começou a chegar ao Hemorio às 9h. Segundo o Hemorio, cerca de 35 bombeiros tiveram sangue colhido para doar é necessário atender requisitos relativos à própria saúde e foram recolhidos aproximadamente 15 litros.
Durante a coleta, o grupo colheu assinaturas em um documento de apoio à anistia aos 429 bombeiros que foram presos e denunciados por motim e danos materiais após invasão do quartel central da corporação, no início de junho. Eles estão sendo processados e podem até ser expulsos da corporação.
Dois PMs que também participaram da invasão também podem ser expulsos eles estão sendo submetidos ao conselho de disciplina da corporação que avalia se houve crime militar ou não. Se for comprovada a culpa, um colegiado decidirá pela expulsão dos PMs.
Bombeiros durante protesto na frente ao prédio da Assembleia Legislativa do Rio na semana passada
Bombeiros durante protesto na frente ao prédio da Assembleia Legislativa do Rio na semana passada
O Senado já aprovou na quarta-feira (22) anistia aos bombeiros denunciados. Como a decisão foi aprovada em caráter terminativo pela CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), segue para análise da Câmara --se não houver apresentação de recurso para o projeto ser votado no plenário do Senado.
Pelo texto, fica prevista a anistia aos crimes previstos pelo Código Penal Militar e infrações disciplinares aplicadas aos bombeiros --o que na prática impede que os militares que participaram do motim recebam punições legais.
O perdão criminal e administrativo é a principal reivindicação do grupo, que foi libertado após habeas corpus da Justiça. Os militares realizaram o movimento na defesa de aumento salarial. O piso bruto da categoria é de R$ 1.031.
O governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), propôs à Assembleia Legislativa do Estado que 30% do valor do Fundo Especial do Corpo de Bombeiros, arrecadado com a taxa de incêndio, seja usado no pagamento de gratificações. O fundo, que arrecadou R$ 110 milhões em 2010, hoje é destinado à manutenção e aquisição de equipamentos, assistência médica e social e treinamento de pessoal.
Já foi anunciada a antecipação de um reajuste de 5,8%, que antes seria escalonado entre julho e dezembro. Somado aos reajustes de janeiro a junho, representará um aumento de 11,5% neste ano. O piso final, de R$ 1.265, ainda ficará aquém dos R$ 2.000 reivindicados pela categoria.

INVASÃO

No dia 3 de junho, cerca de 3.000 pessoas, entre bombeiros, PMs, mulheres e crianças invadiram o Quartel Central dos Bombeiros, no Centro do Rio. Na manhã seguinte, 429 bombeiros e dois policiais foram presos pelo Bope (Batalhão de Operações Especiais).
Os bombeiros que participaram da invasão respondem pelos crimes de motim, dano ao aparelhamento militar (carros e mobiliário), dano a estabelecimento (quartel) e inutilização do meio destinado a salvamentos (impedir que carros saíssem para socorro).

FÁBIO GRELLET

São Paulo é mais gay ou evangélica?

Como considero a diversidade o ponto mais interessante da cidade de São Paulo, gosto da ideia de termos, tão próximas, as paradas gay e evangélica tomando as ruas pacificamente. Tão próximas no tempo e no espaço, elas têm diferenças brutais.
Os gays não querem tirar o direito dos evangélicos (nem de ninguém) de serem respeitados. Já a parada evangélica não respeita os direitos dos gays (o que, vamos reconhecer, é um direito deles). Ou seja, quer uma sociedade com menos direitos e menos diversidade.
Os gays usam a alegria para falar e se manifestar. A parada evangélica tem um ranço um tanto raivoso, já que, em meio à sua pregação, faz ataques a diversos segmentos da sociedade. Nesse ano, um do seus focos foi o STF.
Por trás da parada gay, não há esquemas políticos nem partidários. Na parada evangélica há uma relação que mistura religião com eleições, basta ver o número de políticos no desfile em posição de liderança. Isso para não falar de muitos personagens que, se não têm contas a acertas com Deus, certamente têm com a Justiça dos mortais, acusados de fraudes financeiras.
Nada contra muito pelo contrário o direito dos evangélicos terem seu direito de se manifestarem. Mas prefiro a alegria dos gays que querem que todos sejam alegres. Inclusive os evangélicos.
Civilidade é a diversidade. São Paulo, portanto, é mais gay do que evangélica.

Gilberto Dimenstein

Clima legal

A campanha presidencial do ano passado pareceu deixar uma herança maldita: a interdição de debates sobre temas como a legalização do aborto, o combate à homofobia, o consumo e a venda das drogas, entre outros.
Apenas pareceu.
O vigor democrático de nossa sociedade desinterditou tais temas, o que é bom para o Brasil. Debater esses assuntos faz bem. Vale registrar que o STF (Supremo Tribunal Federal) vem dando contribuição expressiva nesse sentido.
Feitas a redemocratização de 1985 e a Constituição de 1988, a agenda pública brasileira foi dominada por temas econômicos. Havia o dragão da inflação, devidamente domesticado nos governos Itamar e FHC.
Não faz muito tempo, discutia-se calorosamente se o Bolsa Família era uma iniciativa que estimulava a preguiça do beneficiado. Hoje, no debate público, apenas uns poucos equivocados têm opinião tão demófoba a respeito de um programa que ajudou a tirar milhões da miséria.
O nascimento de um mercado interno forte, motor da nossa nova classe média, provavelmente a realização humana mais importante do governo Lula, está mudando a cara do Brasil.
O país tem enormes carência sociais. Seria estúpido tapar sol com a peneira. É preciso melhorar a saúde e a educação, serviços públicos que penalizam os mais pobres. Mas esse mesmo país, terra ainda em transe, abriu espaço para uma agenda de nação plenamente desenvolvida.
O STF disse que é legal a união civil entre homossexuais. E está enquadrando as instâncias do Judiciário que se rendem àquele obscurantismo religioso da época em que Dilma Rousseff e José Serra disputaram o Palácio do Planalto.
O mesmo Supremo proibiu as cacetadas dos policiais nas marchas pela legalização da maconha. É legal debater a descriminalização e a comercialização dessa droga.
Há um embate democrático sobre a criminalização da homofobia, no qual devem ser respeitados todos os pontos de vista --os progressistas e os conservadores.
Tema mais delicado, no qual há argumentos relevantes sob as diversas óticas, a ampliação do direito ao aborto talvez possa voltar a ser debatida em termos completamente diferentes daqueles da eleição presidencial.
A sociedade não aceita o sigilo eterno de documentos oficiais. E o Senado, revela a Folha, parece concordar.
Um novo Código Florestal rende discussões apaixonadas entre ruralistas e ambientalistas, com o destaque na imprensa que a questão merece.
Temos até uma nova campanha pelo desarmamento.
Em resumo, há um clima legal no Brasil. Um clima que contribui para que construamos uma nação menos conservadora, mais democrática, mais tolerante e um pouquinho progressista.

Kennedy Alencar

EUA e a década perdida japonesa: o perigo de cortar o remédio fiscal

Republicanos e democratas estão em plena queda de braço por causa do enorme deficit do orçamento americano, atualmente em US$ 1,6 trilhão.
O secretário do Tesouro, Tim Geithner advertiu que os Estados Unidos podem ser obrigados a dar calote em algumas de suas obrigações se os republicanos não concordarem em elevar o teto do endividamento dos EUA (atualmente em US$ 14,3 tri) até 2 de agosto.
Os republicanos, por sua vez, não se mostram dispostos a fazer concessões. Para aprovar a elevação do endividamento, eles exigem profundos cortes de gastos e colocar o deficit em trajetória descendente. Não admitem elevar impostos para aumentar a receita do governo.
"Nós já identificamos trilhões em possíveis cortes de gastos", disse Eric Cantor, líder da maioria republicana na Câmara, ao anunciar que estava se afastando das negociações do orçamento. "Os democratas continuam a insistir que qualquer acordo precisa incluir elevação de impostos e não há apoio para isso entre os republicanos."
Democratas, em contrapartida, se opõem a cortes drásticos nos gastos do governo agora.
Ele propõem planos para reduzir o deficit no médio prazo, mas, no curto prazo, a manutenção do estímulo fiscal. Segundo eles, cortar gastos agora vai abortar a recuperação americana, e os EUA terão uma recessão "double dip".
Na semana passada, conversei com Richard Koo, economista-chefe da Nomura Research Institute, o braço de pesquisas da corretora Nomura. Koo é considerado o maior especialista do mundo nas chamadas recessões "de balanço", em que é necessário haver um 'desendividamento' de consumidores e empresas.
Para Koo, os Estados Unidos, da mesma forma que o Japão nos anos 90, estão sofrendo de uma recessão de desequilíbrio de "balanço". Esse tipo de recessão é rara, acontece apenas a cada 70 anos. Decorre do estouro de um bolha de ativos (imobiliária, no caso dos EUA). Depois do estouro dessa bolha, o setor privado está querendo se livrar das dívidas que acumulou durante o período de euforia. Por isso, reduzir juros não adianta, porque consumidores não querem tomar empréstimos, eles querem pagar os que já têm (vide armadilha de liquidez do Japão da década perdida). Dado que a política monetária é pouco eficiente, é necessário o governo entrar no jogo, substituindo a demanda do setor privado, ainda não recuperada, com programas de estímulo fiscal.
É isso que os EUA vêm fazendo. Desde que o presidente Barack Obama assumiu, o governo injetou na economia US$ 1,2 trilhão em estímulos fiscais. Além disso, na política monetária, o Fed (o BC americano) cortou as taxas de juros para zero e, por meio dos programas de afrouxamento quantitativo (QE1 e QE2), injetou US$ 2,3 trilhões na economia ao comprar títulos.
O grande perigo, adverte Koo, é suspender a medicação de forma precoce. Os republicanos e ortodoxos estão em campanha aberta para cortar os gastos do governo agora.
Os Estados Unidos correm o risco de repetir os erros do Japão e mergulhar em uma década perdida, como a economia japonesa nos anos 90, alerta Koo.
"O que precisamos agora é uma continuação de programas de estímulo fiscal, em que o governo toma emprestado e gasta em obras, por exemplo, para substituir a demanda que o setor privado não está originando", diz Koo, que vem ao Brasil na semana que vem para fazer uma palestra sobre o que os EUA podem aprender com a recessão japonesa dos anos 90.
"Vai ser muito difícil convencer os republicanos que o governo precisa continuar gastando nos programas de estímulo fiscal, porque eles querem começar a cortar despesas e reduzir já o deficit. Mas se os ortodoxos conseguirem acabar com os estímulos fiscais agora, enquanto o setor privado ainda está se desendividando, a economia volta a desacelerar."
Para os japoneses, lembra Koo, foram 15 anos até a saída da "recessão de balanço" nos anos 90, porque eles "retiravam de forma prematura o remédio necessário."

Patrícia Campos Mello

79 milhões em ação: região metropolitana

O homem vive no município; União e Estado são figuras jurídicas --dizia Montoro. A frase era um clamor para concentrar a atenção de todos nas políticas dirigidas às cidades. Uma verdade que mudou.
Hoje, habitantes das regiões metropolitanas brasileiras compartilham espaço único, integrado, que não respeita as fronteiras municipais.
79 milhões de brasileiros vivem em 36 regiões metropolitanas oficiais.
As manchas urbanas dessas cidades crescem há muito tempo. As zonas rurais e/ou desabitadas, que as separavam, sumiram. As placas de "Perímetro Urbano" perderam sentido.
É a conurbação. Não estamos preparados para isso.
Para melhorarem o sistema de trocas, as pessoas se aproximam, formam um mercado quase único, onde produzem os bens e serviços que podem, e buscam aqueles que lhes faltam. O Estado não acompanhou o fenômeno. Não há regras nem costumes que levem em conta a vida nesse aglomerado.
A autonomia municipal antiga é, hoje, um dos maiores obstáculos a políticas públicas fundamentais como o transporte, a saúde, o saneamento.
No aglomerado metropolitano que junta todos os municípios, a realidade exige uma ação unificada na operação dessas áreas. A operação não pode ser repartida. Um só órgão deve fazê-la: a chamada Autoridade Metropolitana.
Administrar 20 milhões de pessoas na Grande São Paulo que compartilham uma mesma rotina para ganharem e desfrutarem a vida requer normas e regras comuns. O interesse é conjunto e as políticas precisam ser contínuas. Contudo, as ações seguem segmentadas, como no tempo das antigas portas e muralhas, que garantiam a separação entre territórios.
O partilhamento municipal quebra a eficácia. Um morador de São Caetano pega ônibus num ponto e não tem direito ao Bilhete Integrado. O outro, da cidade de São Paulo, 50 metros adiante, pega o ônibus com direito a desconto por 3 horas. O morador de São Caetano não consegue entender. Nem aceitar. É um contrassenso.
Para integrar precisamos de uma Autoridade Metropolitana. Que, pela quebra de costumes, vai dar ainda muita discussão. Ainda assim, não dá para postergá-la.
Como funcionar para ser prático? Ter um conselho, mais enxuto possível, com todos os governos: municipal, estadual e federal. O mínimo de pessoas para não se perder a agilidade decisória.
O conselho se reúne e, em prazo máximo de 15 dias, define os projetos a serem tocados, com suas metas e prazos, divididos por microrregiões, para diminuir conflitos de interesses.
Definidos os projetos, discriminam-se os recursos: quanto cada um vai dar, com a indicação de fonte, para não ficar na conversa. União, Estados e municípios empenham as respectivas verbas nos orçamentos, o que significa garantir o compromisso com o gasto nos projetos escolhidos. Daí para diante não podem mais recuar.
Entra, então, a estrutura da Autoridade Metropolitana para implantar e operar os sistemas com autonomia. Unidade na ação para impedir discussões infinitas e confrontos permanentes entre técnicos da União, Estado e municípios --maior fator dos atrasos.
Em nome da sinergia e harmonia de um sistema único, as partes abrem mão de alguns poderes operacionais. As cidades recebem projetos de grande porte que as prefeituras não teriam dinheiro para bancar. Ganha a população.
Nessa difícil transição, quando autoridades legítimas tradicionais têm que mudar o modo de funcionamento, o segredo da história não está no artigo 25 da Constituição Federal, que é restritivo e dificulta o avanço. Está no artigo 241: nos consórcios públicos e convênios de cooperação. Os consórcios são mais específicos, diretos e definem claramente o papel de cada um e a origem dos recursos.
Mira-se na prioridade maior.
A realidade é que a política precisa seguir o que é melhor para o ser humano. Não há como fazer determinadas políticas em aglomerados urbanos sem a visão do todo.
Quebrar paradigmas exige coragem e precisão. Para ter muita calma nessa hora e atingir o objetivo: os consórcios públicos.
A saída está pronta.

José Luiz Portella